As principais declarações do empresário Marcos Valério de Souza e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares coincidem com argumentos usados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista concedida a uma jornalista brasileira radicada na França. A coincidência entre as falas foi tema de reportagem veiculada na noite desta segunda pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.

A entrevista de Lula foi gravada na sexta-feira – horas antes de Valério falar ao Jornal Nacional – e um dia antes de Delúbio fazer o mesmo. Neste domingo, o material foi exibido por outro programa da Rede Globo, o Fantástico, que adquiriu os direitos.

Na entrevista, Lula disse que o PT errou.

– A minha tese é que o PT tem que explicar que erros cometeu – afirmou o presidente.

Ele procurou se distanciar de decisões do partido, afirmando que, ao assumir a Presidência da República, , não teve tempo para participar das decisões do partido.

Apesar de ter sido gravada antes da exibição das entrevistas de Valério e de , Delúbio, as respostas de Lula tem os mesmos argumentos apresentados pelos dois primeiros.

Marcos Valério disse ao Jornal Nacional que montou um esquema milionário para financiar as campanhas do PT. No sábado, Delúbio disse ao mesmo programa que o PT mantinha um caixa 2 para financiar campanhas políticas.

Na versão de Delúbio e de Marcos Valério , a responsabilidade pelo caixa 2 do PT era só deles. Segundo Delúbio, o empréstimo pedido por Valério e repassado ao partido foi de quase R$ 40 milhões. Com os juros, chegaria a R$ 90 milhões. A exemplo do que fez o presidente Lula, tanto Delúbio quanto Valério afirmaram que o governo nada teve a ver com as ações do PT.

Tanto Marcos Valério quanto Delúbio Soares tentaram descartar a existência do suposto mensalão. Pela primeira vez, o ex-tesoureiro petista afirmou que os saques em dinheiro vivo no Banco Rural beneficiaram, além de aliados, deputados petistas.

A exemplo do que o presidente Lula tinha dito no dia anterior, mas que ainda não tinha sido divulgado, Delúbio afirmou que a prática do PT em relação a financiamento de campanha eleitoral é comum entre os partidos políticos.

O Jornal Nacional perguntou: "o senhor concordou em falar e foi um dia depois que o publicitário Marcos Valério deformou a visão que eles tinham dos fatos. Isso é só uma coincidência ou houve acerto entre vocês dois?"

– Não, há uma coincidência dos fatos –  respondeu o ex-tesoureiro do PT.