Cada vez mais próximo do PMDB, o governo se prepara para negociar os rumos da reforma ministerial com um líder que até agora vinha se mostrando resistente ao fortalecimento da aliança: o presidente da legenda, deputado federal Michel Temer (SP).

A missão de intermediar esses contatos está com o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Desde a semana passada, Calheiros conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a entrada do partido com força na Esplanada dos Ministérios. O PMDB, agora, aguarda uma oferta concreta do Planalto.

– Quando vier a proposta, vou consultar o partido. Mas nada será feito em troca de ministérios. Tem de ser uma conversa de estadista. Reconhecemos que a situação é delicada, que Lula precisa do PMDB para governar – adianta Temer.

A previsão é de que os contatos com os grupos do PMDB, inclusive com governadores, se intensifiquem nos próximos dias. O segredo do novo acordo com os peemedebistas é conseguir atrair o partido inteiro para o governo, e não apenas as alas de tradicionais governistas, como as de Calheiros e do senador José Sarney (PMDB-AP). Somente com garantia de unidade o apoio se estenderia ao Congresso, onde a bancada do PMDB é uma das mais infiéis.

Apesar dessas movimentações, o presidente do PMDB faz questão de lembrar que há uma decisão do partido de não fazer parte do governo – desrespeitada pela ala governista. Mas até parlamentares peemedebistas da sigla reconhecem que o tamanho da coesão na bancada dependerá do peso dos ministérios a serem oferecidos. Atualmente, o PMDB detém as pastas da Previdência e das Comunicações, mas o governo pode acenar com Minas e Energia e Cidades.

CAROLINA BAHIA/ZERO HORA