| 06/06/2005 22h44min
O presidente da Bolívia, Carlos Mesa, anunciou sua renúncia na noite desta segunda, 6, em um pronunciamento ao vivo nas redes de televisão locais, por volta das 22h30min (horário de Brasília). Em três meses, foi a segunda vez que o presidente recorreu à medida. Agora, Mesa garante que a decisão é irrevogável.
A renúncia ocorre depois de duas semanas de protestos diários no país. A mobilização popular, no entanto, recrudesceu nesta segunda, quando protestos chegaram a interromper a exportação de petróleo para o Chile, além de bloquearem diversas estradas bolivianas.
Mesa permanece no cargo até que o Congresso, convocado para esta terça, escolha seu sucessor. O presidente do Senado, Hormando Vaca Diez, é o primeiro na linha de sucessão, seguido pelo titular da Câmara dos Deputados, Mario Cossío. Mas o líder cocaleiro Evo Morales, da oposição, pediu também a renúncia dos dois e a antecipação de eleições.
Durante a tarde, Mesa, que governo durante 20 meses, foi obrigado a deixar a sede do governo devido à ameaça representada pela grande manifestação em curso em La Paz, quando foram registrados vários enfrentamentos com as forças policiais.
Durante mais de uma hora, os manifestantes se concentraram a uma quadra da praça. No local, eles explodiram petardos e pequenos explosivos com dinamite, comuns nos protestos sindicais do país. O cerco dos manifestantes foi repelido por dezenas de polícias com bombas de gás lacrimogêneo e um veículo antidistúrbios.
O protesto de segunda em La Paz, o maior dos últimos meses, foi protagonizado por habitantes da cidade de El Alto e por camponeses, professores e mineradores. A greve em El Alto e os bloqueios nas estradas da Bolívia, ações incentivadas pelo Movimento ao Socialismo (MAS) há duas semanas, exigem a convocação de uma Assembléia Constituinte e a estatização dos campos de petróleo e gás natural. A medida afetaria empresas estrangeiras, como a brasileira Petrobras, a multinacional com presença mais forte na Bolívia.
Mesa, um político sem filiação partidária de 51 anos, era vice-presidente quando assumiu a presidência depois de seu antecessor, Gonzalo Sánchez de Losada, deixar o país em outubro de 2003 em meio a uma sangrenta revolta popular que deixou cerca de 80 mortos. As pesquisas mostram que Mesa era popular, mas sua margem de manobra estava muito restrita no Congresso, controlado pelas legendas tradicionais e por movimentos regionais e sociais cada vez mais organizados e críticos.
Com informações da Globo News, de Zero Hora e das agências EFE e Reuters.
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