| 15/03/2004 22h19min
O ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz poderá ser indiciado por corrupção passiva (quando o funcionário solicita alguma vantagem ilícita) ou concussão (extorsão praticada por funcionário público), se ficar comprovado que no exercício de um cargo público pediu alguma vantagem para intermediar a renegociação do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a GTech, empresa multinacional que fornece equipamentos para loterias no Brasil e em outros países.
O delegado que preside o inquérito, Antônio César Nunes, disse que a conclusão do ex-presidente da Gtech, Antônio Lino Rocha, é que Diniz teria exigido de forma velada vantagens. Ele afirma que há indícios muito fortes de que Waldomiro Diniz praticou o crime. Nunes afirmou que, segundo depoimentos, não houve qualquer pagamento da GTech a Waldomiro Diniz. A polícia vai prosseguir com as investigações para determinar se o ex-assessor cometeu outros delitos.
– De antemão, e se só tivéssemos esses dados, já teria que ser indiciado. Mas vamos aguardar ainda para confirmarmos e talvez identificarmos outros delitos. Vamos fazer o dever de casa completo – disse.
O jornalista Mino Pedrosa, intimado como testemunha no caso que investiga as relações do ex-assessor do Palácio do Planalto com o empresário Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não respondeu as perguntas do delegado Antônio César Nunes. Pedrosa compareceu ao depoimento com um habeas corpus preventivo concedido pelo juiz da 12ª Vara Federal, Marcus Vinícius, que lhe assegurava o direito de permanecer calado. Com a decisão, Mino Pedrosa passou de testemunha para investigado, explicou o delegado.
– O jornalista se sentiu investigado. Acredito que pelo que fez, porque ele sabe a participação que teve, as suas relações com Cachoeira, e todo seu envolvimento na investigação – afirmou.
César Nunes disse que no depoimento de Pedrosa ao Ministério Público, o jornalista confessou seu conhecimento da existência das fitas em que Waldomiro Diniz aparece negociando com Cachoeira e "tem toda uma conduta irregular com acesso a uma das fitas, pelo menos".
O advogado de Mino Pedrosa, Irineu de Oliveira, disse que não teve acesso aos autos do processo e que por cautela não permitiu que seu cliente respondesse as perguntas e dissesse algo que, eventualmente, pudesse incriminá-lo.
– Quando você vai ser ouvido é elementar saber se há alguma acusação ou porque é necessário o seu depoimento. Agora infelizmente esse processo está um jogo de esconde – disse o advogado. Ele disse ainda que Mino Pedrosa não teve participação no episódio.
Nesta terça, dia 16, o delegado Antônio César Nunes vai ouvir três representantes da Caixa Econômica Federal, a partir das 14h, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
– Vamos buscar esclarecer toda relação do contrato da Gtech com a Caixa Econômica Federal e ver se houve alguma irregularidade que tenha propiciado alguma corrupção, ou alguma coisa desta natureza – disse o delegado.
Com informações da Agência Brasil.
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