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 | 27/11/2008 17h41min

Pesquisador diz que solo de SC está desmanchando

Professor da Federal Fluminense afirmou que desmatamento causou desabamentos

Um pesquisador da Universidade Federal Fluminense afirmou nesta quinta-feira que o solo de Santa Catarina está desmanchando. Durante entrevista à Rádio Nacional, Júlio César Wasserman, professor do Departamento de Análise Geoambiental da instituição, disse que o desabamento de terra ocorrido nas encostas de cidades do Estado devido às fortes chuvas é um processo chamado solifluxão. Segundo ele, na maior parte das vezes o fenômeno acontece devido ao desmatamento das encostas.

— Quando se tem ocupação de favelas ou residências com pouca estrutura nessa áreas, esse processo vai ocorrer — disse.

O especialista explicou que a espessura do solo das encostas é relativamente reduzida e que quando há chuvas, as águas penetram até a rocha sã (tipo de rocha que não virou solo). Por esse motivo, a terra ultrapassa sua capacidade de absorver essa água. Fato que teria acontecido em Santa Catarina.

— A formação é como se fosse uma manteiga derretendo em um bloco de gelo — exemplificou.

Para o professor, o papel da Defesa Civil no momento, de identificar as áreas de risco nos estado, deveria ter sido realizado antes. Como exemplo de prevenção, Wasserman citou os trabalhos de conscientização da população feitos nas cidades de Petrópolis e Teresópolis, no Rio de Janeiro.

— Quando atinge uma determinada quantidade de chuva, eles mesmos tomam a iniciativa de abandonar a casa e se instalarem em outros locais — afirmou.

O pesquisador também destacou que, além de perder as casas, muitas famílias deverão perder os terrenos onde as moradias estavam construídas, já que as áreas desapareceram no meio da enxurrada. De acordo com ele, nos locais em que o solo se acomodar, será possível fazer uma análise geotécnica.

Nesses casos, as famílias serão orientadas sobre como reconstruir suas casas. Para ele, no entanto, o quadro visto na catástrofe é de barrancos desmoronados e nessa situação a recuperação do terreno será praticamente impossível.

— O custo para se construir uma casa pendurada em um barranco é muito alto. Essas pessoas infelizmente vão perder o terreno — afirmou.

Na opinião de Wasserman, a responsabilidade pelos prejuízos é do Estado.

— Acho que existe uma grande responsabilidade do Estado em ter legalizado esse terreno. Mesmo nas situações de invasão. Acho uma irresponsabilidade o fato do estado ter controlado essa ocupação nessas áreas de risco — criticou.

Uma moradora de Blumenau filmou o momento em que uma casa desaba. Assista às imagens, exibidas no Jornal do Almoço.


AGÊNCIA BRASIL
 
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