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 | 23/09/2008 16h07min

Programa de TV investiga decadência de Ronaldinho no Barcelona

Jogadores e dirigentes que acompanharam a trajetória do craque apontam descaso e estrelismo

A emissora de televisão Canal Plus exibiu na noite de segunda-feira, na Espanha, um programa especial sobre a decadência de Ronaldinho no Barcelona, que após tantas temporadas de sucesso, com dois títulos de melhor do mundo, em 2004 e 2005, caiu em desgraça, ficou meses parado e foi negociado. Contratado pelo Milan, ainda não se firmou no clube italiano.

Para o presidente do clube catalão, Joan Laporta, os problemas começaram a ocorrer no ano passado.

— Na primavera de 2007 (entre os meses de março e julho), depois de um jogo em Zaragoza, começamos a notar atitudes que prejudicavam o grupo — explicou ele, porém sem detalhar que comportamento poderia ser esse.

Já o secretário técnico do clube, Txiki Begiristain, secretário técnico do Barcelona, revelou que o desempenho de Ronaldinho começou a piorar após a Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha, quando a Seleção Brasileira, da qual o meia fazia parte, foi duramente criticada pelo mau futebol apresentado e pela aparente pouca dedicação dos atletas.

— Já naquele momento vimos que ele estava falhando em alguns detalhes. Não se dedicava mais tanto quanto antes, machucava-se, sofria pequenas lesões e cada vez mais era difícil para ele voltar da Seleção — disse o dirigente.

O ex-funcionário do Barcelona Juan José Castillo, que durante anos foi a pessoa que esteve mais perto do craque, acha que o excesso de popularidade pode ter feito mal.

— Chegou um ponto em que ele se deu conta de que sua vida não lhe pertencia mais. Quando sua agenda passa a ser administrada por 50 pessoas e 10 multinacionais, é normal que aconteça isso. Ele ficou mais cabisbaixo e mudou a postura. Desligou-se dos amigos de sempre, porque éramos nós quem dávamos broncas nele, dizíamos que o que ele fazia estava errado, mas ele preferia cercar-se de gente que dissesse apenas como ele era bonito — contou.

Castillo também falou da vida noturna do craque:

— Ronaldinho sempre saiu à noite, mas no começo fazia isso para queimar a adrenalina provocada pela concentração nos jogos. Depois virou descaso, costume.

O zagueiro brasileiro Edmilson, que atuou ao lado de Ronaldinho na seleção e no Barcelona, afirmou que talvez tenha faltado apoio dos próprios colegas, que poderiam ter ajudado o jogador a superar um momento de crise.

— Talvez os membros do clube, médicos, fisioterapeutas, diretores, presidente e nós, jogadores, poderiam ter dado algo a mais para ajudá-lo, porque no Barcelona havia muita gente que queria o seu mal, e ele não teve força de vontade para se afastar dessas pessoas — disse o jogador, hoje no Villarreal.

Laporta também crê que a badalação exerceu um peso negativo sobre o meia.

— Fizemos uma reunião com ele e ouvimos o que tinha a dizer. Ele nos disse que queria seguir jogando e voltar a ser o melhor. Confiamos nele, porque acreditávamos em seu potencial e sempre fomos muito agradecidos por tudo o que ele fez aqui. Mas depois ficou evidente que, de tanta gente que tinha ao seu redor, Ronaldinho na verdade estava absolutamente sozinho.

Toni Albir, EFE / 

"De tanta gente que tinha ao seu redor, Ronaldinho na verdade estava absolutamente sozinho", disse o presidente Joan Laporta
Foto:  Toni Albir, EFE


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