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 | 16/11/2007 17h28min

Exclusivo: Jacque Silva fala sobre inédito bicampeonato no WQS

Principais títulos da carreira da catarinense vieram na meca do surfe, no Havaí

Foco e objetivos bem traçados. Com estas características e muito amor ao que faz, a catarinense Jacqueline Silva conquistou nesta semana o título de bicampeã do WQS (World Qualifying Series), a divisão de acesso à elite do surfe mundial.

O bicampeonato é inédito na história do surfe feminino, o que faz do título ainda mais especial para Jacque.

A conquista não poderia ter vindo em melhor hora, nem em melhor local. Depois de um 2006 com poucas vitórias, Jacque chegou neste ano mais preparada para encarar o circuito.

Triunfou e subiu ao posto mais alto do pódio nas etapas do WQS de Margaret River (Austrália), Fistral Beach (Inglaterra) e garantiu o título por antecipação ao chegar às quartas-de-final de Haleiwa, no Hawaii.

E é da etapa havaiana que a surfista de Florianópolis (SC) guarda as lembranças mais especiais da carreira – a conquista do título do WQS de 2001, do vice no WCT de 2002 e diversas vitórias em etapas realizadas na meca do surfe mundial.

Veja a entrevista que Jacque concedeu com exclusividade ao clicRBS direto do Hawaii.

clicRBS: O que representa o título do WQS de 2007?

Jacque: Representa muito para mim. Depois de um ano difícil como o que tive em 2006, ter voltado a vencer de novo foi muito bom, não só eventos e etapas, mas mais ainda este título do WQS.

clicRBS: O que diferencia o título de 2007 daquele conquistado em 2001?

Jacque: A única diferença foi que no ano de 2001 eu venci o evento de Haleiwa e também o circuito. Já nesse ano não aconteceu o mesmo. (Jacque parou nas quartas de Haleiwa, posição suficiente para levá-la ao título do WQS).

clicRBS: E do vice-campeonato no WCT de 2002?

Jacque: Todos os meus títulos importantes foram conquistados no Havaí. Já é um total de seis finais e três títulos. Fui bi do WQS e vice do WCT. Todos foram de uma importância enorme para mim, principalmente por serem conquistados lá, que é um lugar cobiçado pelas ondas grandes e de uma repercussão muito grande.

clicRBS: Neste ano, foram duas etapas como campeã. Uma delas na Austrália, seu point favorito. Como é vencer lá? E o surfe na Inglaterra, comente um pouco sobre a etapa que venceu.

Jacque: Realmente a Austrália é um lugar que eu gosto muito de ir, também já venci três vezes. A última vitória foi em abril deste ano, etapa de nível 6 estrelas do WQS (o máximo). Foi demais, Margaret River também é uma onda desafiadora pelo seu tamanho e força, e ter vencido lá foi muito bom. Já na Inglaterra também foi uma vitória importante que me colocou na liderança do circuito e próxima de mais um título mundial pelo WQS. O evento também contava com o patrocinio da Ripcurl, meu patrocinador, então essa vitória me rendeu um retorno muito bom frente a eles.

clicRBS: Qual foi a adversária mais difícil de encarar numa bateria neste ano? Por quê?

Jacque: As mais difíceis foram com certeza as duas australianas que disputaram o título comigo (Stephanie Gilmore e Jessi Myle Dyer). A Jessi foi ainda mais difícil, porque ela participou de todos os eventos que eu. Já a Stephanie não.

clicRBS: Você foi campeã por antecipação em Haleiwa, onde já faturou dois títulos de etapas do WQS. Estar lá é especial para você?

Jacque: Sim, Haleiwa é sim um lugar muito especial. O fato de eu já ter vencido duas vezes, além de quatro finais e dois titulos de WQS, fazem desse lugar o meu preferido. Vou sempre muito confiante para esse evento, como fui nesse ano, decidida a levar o título. E deu certo!

clicRBS: Sobre o surfe feminino no Brasil, quais são suas perspectivas? O que os dirigentes do surfe no país podem fazer para incentivar o feminino?

Jacque: Acho que devem ser realizadas mais provas do circuito mundial feminino. Nunca tivemos uma etapa do WCT em Floripa, o que me deixa um pouco desapontada. Já rolaram e ainda rolam tantos eventos no nosso Estado (SC) e também em nosso país, mas ainda falta essa visão dos empresários do surfe, ou até fora do esporte, que o surfe feminino está em ascenção e tem dado um retorno enorme, além de ser uma chance que nós brasileiras teríamos de competir em casa.

clicRBS: Você aposta em alguma jovem surfista brasileira?

Jacque: Aposto na Diana Cristina, surfista da Paraíba que vem se destacando no cenário do surfe brasileiro e mundial.

clicRBS: Qual a rotina diária quando você está em Santa Catarina? E num campeonato mundial? O que é o surfe como estilo de vida para você?

Jacque: Quando estou em casa, minha rotina é surfar, ir para academia e curtir a companhia dos meus pais, irmãos, namorado e amigos. Já nas competições mundiais, acordo mais cedo, surfo e fico na praia assitindo às baterias. O surfe é um estilo de vida saudável e prazeroso, só quem o pratica sabe. Eu sou paga para fazer o que mais amo, que é estar na água, surfando.

clicRBS: Quais são suas atividades extras ao surfe?

Jacque: Faço um trabalho com o personal trainer Duda, da academia Marcelo Amim. É muito bom, iniciei o trabalho com ele esse ano e o resultado foi todas essas conquistas. Um trabalho que rendeu muito e só tenho a agradecer a ele e ao Marcelo Amim que me deram esse apoio.

clicRBS: Aos 28 anos, olhando para a sua carreira, responda se atualmente é possível viver de surfe no Brasil?

Jacque: É possível sim, mas tem que competir com o objetivo de entrar para vencer, e não para ser somente mais um.

clicRBS: Acompanhando outros esportes, vemos diversos atletas declarando aposentadoria perto dos 30 anos. No surfe, também é assim? O que você planeja para a sua carreira em médio e longo prazo?

Jacque: No surfe não é assim. Tem atletas hoje competindo com 36 anos, entre homens e mulheres. Pretendo me dedicar ainda às competições nos proximos 6 anos. Depois quero seguir trabalhando no meio do surfe.

clicRBS: Os irmãos Padaratz também fizeram carreira no WQS. Fale um pouco das vantagens que um surfista tem por nascer e viver no litoral de SC.

Jacque:  É um litoral abençoado, com boas ondas e uma qualidade de vida considerável. Mas, só isso não basta. Em qualquer profissão ou objetivo tem que se fazer bem feito e com alegria, dessa maneira é possível estender a carreira por um bom tempo.

MICHELE CARDOSO/CLICRBS
Divulgação / ASP AUSTRALIA

Jacque é a primeira mulher a conquistar o bicampeonato do WQS.
Foto:  Divulgação  /  ASP AUSTRALIA


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