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 | 23/10/2006 18h16min

Barcelona ainda não pensa na disputa do Japão

Editor de ZH, Ricardo Stefanelli, diz que foco catalão é a Liga

Embora dispute o Brasileirão com alguma esperança de título, o Inter já pensa na disputa do Mundial de Clubes, que será disputado em dezembro, no Japão. Porém o Barcelona, que quer o bicampeonato da Liga dos Campeões da Europa, ainda não está muito aí para o Colorado e para o Japão. O depoimento é do editor de Zero Hora, Ricardo Stefanelli, enviado especial do jornal à Espanha para uma série de reportagens sobre o adversário do Inter na busca pelo topo do mundo.

– Estive em Barcelona por uma semana no início de setembro e, no clube e na própria imprensa, a preocupação deles passava longe do Mundial Interclubes. O próprio treinador Frank Rijkaard disse-me que, o normal do Barcelona é pensar sempre no próximo jogo. Claro que isso pode ser uma maneira de dizer, mas no caso deles, tem um fundo de verdade: eles ainda não estão muito aí no Inter ou no Japão – declarou Stefanelli em entrevista online ao clicRBS na tarde desta segunda.

Isso porque, na Europa o Mundial de Clubes não tem a mesma repercussão do que aqui no Brasil, por exemplo.

– Eles valorizam mais a Liga dos Campeões, que dura um ano inteiro. E algo como os times brasileiros, que só passaram a dar valor à Libertadores nas ultimas duas décadas – contou o editor.

Mas mesmo ainda não pensando diretamente na competição, no Inter o Barça pensa.

– O único time que se fala, em Barcelona (mesmo que pouco), é o Inter. Creio que nunca, se eu não estiver errado, um time de outro continente ganhou. Eles respeitam o futebol sul-americano nestes campeonatos mata-mata – afirmou o editor de ZH.

A entrevista online com o editor de Zero Hora sobre a série de reportagens realizadas na Espanha foi realizada pela jornalista Mariane Hahn e monitorada por Cláudia Ioschpe.

Pergunta: O Barcelona atual é mais forte ou mais fraco do que aquele que conquistou a última Liga dos Campeões?
Ricardo Stefanelli:
É mais fraco, sem dúvida, por que está sem seu centroavante Eto'o. Mais do que o próprio Ronaldinho, Eto'o é o único insubstituível no time.

Internauta Tigerwoods pergunta: Como você avalia a performance do Ronaldinho no presente momento?
Stefanelli:
Ronaldinho precisa muito de um centroavante inteligente, pois Ronaldinho é, mais do que um goleador ou atacante agudo, um garçom. E por isso ele está se ressentindo da ausência do centroavante. O atual, Gud Johanssen, é tosco.

Internauta Leo pergunta: Ricardo, há alguém que pode substituir Eto'o com a mesma capacidade de conclusão?
Stefanelli:
No time, não. Messi se esforça, mas é de outra função. Desconfio, até, que o Barcelona sairá a contratar um avante do tipo Drogba.

Pergunta: Pode-se, então, atribuir a má fase de Ronaldinho à ausência de Eto'o?
Stefanelli:
Ao contrário da maioria dos jornalistas, eu não via o Ronaldinho tão mal. Esteve mal na Copa, mas porque jogou fora de sua posição. No Barcelona, pelo menos nos jogos a que assisti, ele estava igual, servindo seus companheiros, como costuma fazer.

Internauta Leo pergunta: O Chelsea bateu muito e conseguiu vencer o Barça em um lance de habilidade de Drogba... Chegar junto, pra começar, é uma boa formula para o Inter encarar o Barça?
Stefanelli:
Leo, é verdade que o Chelsea marcou muito, mas creio que ganhou porque tem jogadores maravilhosos: Ballack, Drogba, Lampard, Shevchenko. E, desconfio, o Barcelona sem Eto’o pode virar um time comum.

Pergunta: O Barça ainda disputa a Liga dos Campeões. Já se fala no Mundial de Clubes por lá?
Stefanelli:
Mari, estive em Barcelona por uma semana no início de setembro e, no clube e na própria imprensa, a preocupação deles passava longe do Mundial Interclubes. O próprio treinador Frank Rijkaard disse-me que, "o normal do Barcelona é pensar sempre no próximo jogo". Claro que isso pode ser uma maneira de dizer, mas no caso deles, tem um fundo de verdade: eles 'ainda' não estão muito aí no Inter ou no Japão.

Internauta Colorado-dp pergunta: Ricardo, você acha que o Inter pode encarar o Barça de igual para igual?
Stefanelli:
O Inter vai encarar de igual para igual, sim, ainda mais que se trata de um único jogo. Para recordar: em 1995, o Ajax era um Barcelona da época, o melhor time do mundo, e o Grêmio de Felipão, com um a menos, conseguiu segurá-los, perdendo nos pênaltis apenas. Acho que dá para vencer o Barcelona, sim, desde que o Abel não invente Michel ou Adriano Gabiru.

Pergunta: Por ser um time sul-americano, o Inter se destaca entre os adversários na visão do Barça? Quero dizer, chama mais atenção que os demais?
Stefanelli:
Sim. O único time que se fala, em Barcelona (mesmo que pouco), é o Inter. Creio que nunca – se eu não estiver errado – um time de outro continente ganhou. Eles respeitam o futebol sul-americano nestes campeonatos mata-mata.

Internauta Eurandifrancisco pergunta: Ricardo, você acha que o Inter precisa reforçar o time para o Mundial?
Stefanelli:
Sim, o Inter não achou um substituto para o Tinga. O único jogador que, na minha opinião, não poderia ter sido vendido. Quem sabe o Vargas seja este jogador, mas machucado não nos permite ainda saber. Agora, mesmo sem Tinga, acho que um meio-campo fechado (Edinho, Wellington, Alex e mais um), dá para vencer, sim. A zaga vai bem e gosto do ataque Fernandão-Iarley.

Internauta NollaSC pergunta: Ricardo, qual seu time ideal pra vencer o Mundial?
Stefanelli:
Renam (e não só por sábado); Granja, Índio, Eller e Hidalgo; Edinho, Wellington, Alex e Vargas; Iarley e Fernandão.

Pergunta: Fernandão não despertou interesse por lá?
Stefanelli:
Nunca ouvi falar. Eles falam muito no Sobis, que acabou no Betis e não está muito bem lá, pois o time parece fraco, está na zona de rebaixamento.

Pergunta: E o Jorge Wagner – que também está no Betis – é o homem da bola parada lá também?
Stefanelli:
Confesso que não tenho acompanhado o Jorge Wagner, nem sei se ele está jogando no time titular. Vou, aliás, descobrir. O que sei, com certeza, é que ele não fez nenhum gol de falta até agora no Betis.

Internauta Tricolor pergunta: Caro Ricardo, chegaste a ver um jogo do Barcelona pela Champyons League ou no espanhol?
Stefanelli:
Assisti a um amistoso, Barcelona x Bayern, 4 a 0. Atuação espetacular do Barcelona. Depois, nos 15 dias que estive na Espanha, o Barcelona jogou fora de casa, ganhando do Celta de 3 a 2 (em Vigo) e perdendo para o Valencia de 3 a 0, para Supercopa, em Nice (França), quando não jogou nada, e quando o ex-santista Renato acabou com o jogo. Mas tenho visto todos os jogos do Barcelona, mesmo quando estava lá, pela TV.

Internauta Rentería pergunta: O Mundial tem, na Europa, a mesma repercussão que tem aqui?
Stefanelli:
Rentería, em primeiro lugar, não o coloquei no time titular porque acho que "você' é jogador para o final de jogo, tipo Escurinho e Herrera. Na Europa o Mundial Interclubes não tem a mesma repercussão. Eles valorizam mais a Liga dos Campeões, que dura um ano inteiro. E algo como os times brasileiros, que só passaram a dar valor à Libertadores nas ultimas duas décadas.


 
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