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 | 12/10/2006 13h30min

Waldemar Lemos comenta sua relação com a torcida

Técnico falou sobre as vaias após a vitória sobre o Botafogo

No domingo, segundos após o Figueirense derrotar o Botafogo por 1 a 0 com um gol quase nos acréscimos, o técnico Waldemar Lemos desceu para o vestiário do Orlando Scarpelli sob uma chuva de vaias dos próprios torcedores alvinegros. Alguns motivados por uma rejeição a seu trabalho, que vem mantendo o Figueira entre os 10 primeiros no Brasileirão, e outros pela vibração no momento do gol, que teria soado provocativa segundo interpretações. Waldemar acabou não participando da entrevista coletiva após o jogo. E se mantinha em silêncio, talvez meditando sobre o assunto, bem a seu estilo ponderado. Isto até ontem à tarde. E, com o entardecer escurecendo a Ponte Hercílio Luz, ao fundo, jogou luz sobre o polêmico episódio.

Agência RBS - No domingo, quando desceu para o vestiário, o sentimento era de raiva ou mágoa pelos protestos da torcida mesmo na vitória?
Waldemar Lemos - Tristeza. Pela falta de respeito. Não só comigo, mas em relação aos jogadores também, que são pessoas honestas e estão batalhando. É nessa hora que se começa a repensar algumas coisas. Do tipo, o quê eu estou fazendo aqui?

Agência RBS - Chegou a cogitar deixar o cargo, então?
WL - Isso seria a satisfação de muitos, com certeza. Mas não, isso cabe à diretoria. Sei que um dia eu vou embora, e o clube vai ficar. Assim como vão ficar as amizades que eu fiz aqui, e isso é o que importa.

Agência RBS - Essa reprovação é localizada? Como você é recebido nas ruas de Florianópolis, pelos torcedores?
WL - É muito boa, me tratam muito bem, vêm falar comigo, me abraçam. As crianças também.

Agência RBS - Você acha que, no momento do gol sobre o Botafogo, talvez algum gesto seu tenha sido mal-interpretado pela torcida?
WL - Eu vibrei, sim. Quem disse que um técnico não pode extravasar? A minha vibração, virado para a arquibancada, foi para contagiar a torcida e pedir que ela se junte ao time. Mas se encararam de outra forma, não tenho culpa.

Agência RBS - Você já enfrentou uma rejeição desse tipo em algum outro clube?
WL - Nunca tinha me acontecido nada igual. E quantos não queriam estar nesta posição que eu estou? Entre o sétimo e o nono lugar (no Brasileiro)?

Agência RBS - Depois deste episódio, você recebeu a solidariedade de várias pessoas, inclusive da crônica esportiva. Acha que isso pode acabar revertendo a seu favor?
WL - Eu acho, por outro lado, que muitas pessoas ligadas à imprensa estavam de má-vontade, mas quando viram o resultado, começaram a recuar. O Figueirense está passando por um grande momento e isso pode estar incomodando algumas pessoas. Mas eu nunca vou maltratar alguém. Só gostaria de lembrar que futebol não é guerra.

Agência RBS - Você sente, talvez, algum tipo de xenofobia, pelo fato de ser carioca?
WL - Não posso afirmar isso. Mas o que eu posso dizer é que sou conhecido no Brasil, e fora dele, pelo excesso de trabalho. O sucesso do Flamengo, durante a minha passagem, veio justamente em cima disso, pelo trabalho.

Agência RBS - Para finalizar, Waldemar: Florianópolis guarda várias semelhanças com o Rio de Janeiro. Você se sente à vontade aqui?
WL - Muito, eu ando por aí e fico impressionado com as belezas da cidade. E, às vezes, eu até me pergunto se eu mereço tudo isso. Eu trabalho muito com o sentimento e admito isso numa boa: eu tenho sérias dúvidas se eu mereço tudo isso.

MAURICIO XAVIER/DIÁRIO CATARINENSE

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