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O PT acusou nesta segunda-feira, dia 24, a Polícia Federal (PF) de ter grampeado de forma ilegal telefones de autoridades do primeiro escalão da prefeitura de Santo André, comandada pelo partido, e de ter feito uso político da escuta. O partido apresentou três ofícios da PF, assinados pelo delegado Marcelo Vieira Godoy, em que ele solicita à Justiça a "interceptação" de 41 telefones, entre celulares e fixos, com a justificativa de investigar seu uso "como meio de contato na articulação de organização criminosa atuando junto ao tráfico de drogas". Os ofícios da PF foram expedidos entre os dias 24 de janeiro e 6 de fevereiro deste ano.
Os grampos foram autorizados pelo juiz-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária (Dipo), Maurício Lemos Porto Alves, entre os dias 24 de janeiro e 8 de fevereiro.
Segundo os petistas, o juiz foi "enganado" pela PF porque, entre os telefones grampeados estariam os do prefeito de Santo André, João Avamileno, do ex-secretário de Governo Gilberto Carvalho, do secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Souza, e de Ivone de Santana, namorada do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.
– A Polícia Federal estava investigando a morte do Celso (cujo corpo foi encontrado em 20 de janeiro) e em nenhum momento isso foi dito ao juiz – disse o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que acompanhou o caso em nome do partido.
Outro documento apresentado pelos petistas mostra um relatório confidencial da Polícia Federal, batizado de Operação Távola Redonda, que investiga a morte de Celso Daniel. Em um dos trechos do relatório, datado de 4 de março, afirma-se que o Ministério Público Estadual iria utilizar a investigação da morte do prefeito para apurar contratos da prefeitura de Santo André.
"Segundo o promotor público João Alvares Soares, haverá um redirecionamento das investigações de possíveis irregularidades (nos contratos) por causa do inquérito aberto para investigar o assassinato de Celso Daniel. As informações serão cruzadas com as de três promotores de justiça que acompanham o crime", diz um trecho do relatório. Segundo os petistas, isso poderia indicar que os grampos teriam sido utilizados pelo MPE para investigar os contratos da prefeitura de Santo André.
Segundo o secretário-geral do PT, Luiz Dulci, houve "espionagem política".
– Houve uso ilegal do grampo. Não estava clara a sua real motivação. Que outros fins haveria para isso senão eleitorais? – perguntou Dulci.
Cauteloso, o PT disse não ter informação de participação da cúpula da PF ou do governo nos atos. Ao ser questionado sobre as declarações da cúpula petista, o ministro Alberto Cardoso (Segurança Institucional) disse que não falaria sobre o assunto.
– Vocês conhecem muito bem a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e sabem que ela não age dessa maneira – disse.
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