| 09/03/2006 14h07min
O Exército pode ser convocado a intervir caso a Brigada Militar não providencie em seguida a desocupação da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul (RS), invadida no dia 28 de fevereiro pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A juíza da 3ª Vara Cível de Carazinho, Ana Paula Caimi, encaminhou ofício ao Comando Militar do Sul comunicando que pode solicitar auxílio para a retirada dos invasores. Ela não descarta uma intervenção federal caso a BM não cumpra nos próximos dias a ordem de retirada dos invasores.
– Não temos informações da Brigada sobre a retirada. Se não for cumprida a ordem, pode haver intervenção federal – destacou ontem a juíza, que cobrou da BM definição da data da operação.
O alerta da juíza ocorreu após o segundo confronto em cinco dias entre Brigada e integrantes do MST. Ontem manifestantes teriam sido atingidos por tiros de borracha ao se aproximarem da base da BM junto à sede da fazenda. Conforme a Brigada, um grupo de manifestantes teria saído do acampamento, atravessado a estrada e cercado a base onde estão os soldados.
– Mandamos que voltassem. Como não recuaram, disparamos tiros com balas de borracha, gás e granada de efeito moral. Só aí eles voltaram em direção ao acampamento – justificou o capitão Rogério Navarro, que disse ter visto pessoas com espingardas e bombas caseiras.
Na versão do MST, os policiais teriam atirado contra o grupo de mulheres quando elas estavam ainda na rua que dá acesso à estrada principal. Pelo menos 15 teriam sido atingidas pelos disparos, mas não procuraram atendimento médico e continuaram no acampamento.
– Nossas companheiras estavam fazendo apenas uma manifestação pacífica quando foram recebidas a tiros pela Brigada – disse Edenir Vassoler, um dos líderes.
Depois do confronto, os policiais redobraram o alerta. De pontos estratégicos, monitoraram por binóculos toda a movimentação. O confronto de ontem foi o segundo incidente envolvendo Brigada e integrantes do MST. No sábado, durante a entrega da ordem judicial para a saída do invasores, houve confusão, e a BM precisou sair às pressas do acampamento.
Às 15h30min, por determinação do Comando Regional da Brigada, cerca de 30 PMs fixaram uma placa na rua que dá acesso ao acampamento comunicando a ordem judicial que proíbe a entrada de qualquer pessoa. Os policiais preferiram não chegar próximo ao portão para evitar um possível enfrentamento.
No final da tarde, nova preocupação. A informação de que seis ônibus teriam partido de Porto Alegre rumo a Coqueiros do Sul deixou em alerta os policiais. Até ontem, o Comando Militar do Sul não havia recebido ordem para auxiliar a BM. A requisição da juíza passaria pelo Ministério da Justiça.
O coronel Waldir Cerutti, comandante regional da Brigada Militar, afirma que não será necessário o apoio do Exército para cumprir a ordem judicial.
– Estamos monitorando a situação próximo ao acampamento, mas ainda não há uma data para o cumprimento da desocupação.
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