| 30/12/2005 12h26min
Mesmo com o crescimento da economia menor do que o registrado em 2004, boa parte dos sindicatos negociou acordos salariais que garantiram aos trabalhadores aumento igual ou superior à inflação em 2005, informa o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Segundo José Silvestre, supervisor da entidade, mais de 80% dos acordos fechados em 2005 foram nessas condições. O resultado oficial será divulgado em fevereiro de 2006. A pesquisa do Dieese leva em consideração acordos negociados por cerca de 600 sindicatos.
Na avaliação de Silvestre, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) não surtiu muito efeito sobre os acordos salariais. Vários foram fechados antes da divulgação do número e a expectativa de crescimento da economia no ano permaneceu em torno de 3%.
– A economia em recuperação favorece as negociações, que ficam mais fáceis. O ânimo redobra sem a pressão da demissão e do desemprego e o trabalhador acaba lutando mais pela riqueza que ajudou a produzir – disse Silvestre.
Para o técnico do Dieese, o ano de 2003 foi o pior para os acordos salariais dos últimos tempos. Apenas 42% dos sindicatos conseguiram aumentos igual ou superior à inflação. Em 2004 e 2005, a queda da inflação ajudou bastante a conquista de maiores reajustes. Silvestre explicou que em 2005 algumas categorias que não haviam nem mesmo zerado a inflação em 2004 acabaram conseguindo aumento real. Os bons acordos também foram puxados pelo bom desempenho da indústria nos últimos dois anos.
– Empresas exportadoras que tiveram bons resultados financeiros repassaram os ganhos aos trabalhadores. Também foi mais fácil negociar depois que o consumo subiu com o aumento do crédito consignado – afirma Silvestre.
O primeiro semestre já havia indicado uma boa recuperação da renda do trabalhador, por meio dos acordos salariais. Foram 347 negociações nos primeiros seis meses do ano em todo o país. De acordo com o levantamento, houve recomposição da inflação em 84% das negociações. O resultado superou os 76% registrados no primeiro semestre de 2004.
Pelo estudo, 66% dos reajustes conquistados pelos trabalhadores superaram a inflação acumulada em 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
As expectativas são boas para 2006 em vários setores. Segundo Silvestre, com as eleições, os investimentos devem aumentar no setor público, principalmente em infra-estrutura, facilitando as negociações salariais em setores como gráfica, papel e têxtil.
Segundo ele, há um cenário muito claro para onde a economia deve caminhar em 2006. Silvestre comentou ainda que há não incertezas sobre o projeto político como havia em 2002, no período pré-eleitoral, o que significa que a economia deve crescer sem sobressaltos e ajudar na recomposição da renda dos trabalhadores.
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