| 14/12/2005 18h38min
O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, começa amanhã sua primeira visita à América Latina com uma viagem de seis dias pelo Brasil que coincide com uma crescente rejeição às receitas do organismo na região.
Essa oposição às reformas neoliberais defendidas pelo Banco e o Fundo Monetário Internacional, "é cada vez mais evidente em toda a região", disse Riordan Roett, diretor do departamento da América Latina da Escola de Estudos Internacionais Avançados (SAIS) em Washington.
Segundo os números do Banco, 10% dos latino-americanos vivem com menos de um dólar ao dia e 25% com menos de dois.
– O desempenho da América Latina foi bom, mas não excepcional – afirmou Wolfowitz ontem em entrevista coletiva, acrescentando que as taxas de crescimento deveriam ser "um par de pontos (percentuais) mais altas".
Os especialistas assinalam que a capacidade de atuação do Banco é limitada e que seu êxito depende de sua habilidade para envolver as elites em programas que impulsionem, entre outras medidas, a educação entre os mais pobres.
Apesar de seu perfil controvertido, Wolfowitz alcançou, desde sua chegada ao Banco em junho, acalmar a tempestade que aconteceu após sua nomeação, ao assegurar que não utilizará o Banco como uma extensão da política externa americana e insistir que fará da luta contra a corrupção um dos eixos de seu mandato.
É provável que esse seja um dos temas da reunião, amanhã, com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em Brasília.
A escala em Brasília será o segundo ato da viagem de Wolfowitz, que começa com uma visita a uma favela em São Paulo. Wolfowitz também irá ao noroeste do país, onde visitará programas de energias renováveis e conservação ambiental da região do Amazonas.
Durante a última parte da viagem, vai se reunir com beneficiários do programa Bolsa Família e com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
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