| 01/12/2005 14h18min
A indústria paulista não deve crescer mais do que 2,5% em 2005, resultado bem abaixo do previsto no início do ano, de 4%. Para economistas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a austeridade da política monetária, com a elevação dos juros até agosto, prejudicou o desempenho do setor, que recebeu menos investimentos.
Em 2004, o Indicador do Nível de Atividade (INA) subiu 9,2%, na comparação com o ano anterior. Neste ano, até outubro, a atividade industrial cresceu 2,1% no estado de São Paulo. O resultado negativo de outubro, divulgado nesta quinta-feira pelas duas entidades, foi uma surpresa, já que a produção costuma crescer ainda com as encomendas de final de ano. Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, disse que o setor já tinha alertado sobre a possibilidade de redução da atividade.
Em outubro, o INA apresentou ligeira queda de 0,1% sobre setembro, sem ajuste sazonal, e redução de 0,9%, com ajuste. As vendas reais da indústria também caíram 1,8% no período, de acordo com o levantamento.
André Rebelo, da Fiesp, explicou que a queda de 7% da atividade do setor automotivo puxou o resultado para baixo. Ele lembrou que esse setor, que tem uma participação considerável do PIB nacional, está sendo altamente prejudicado pelo crescimento modesto da renda e do emprego.
Antônio Corrêa de Lacerda, diretor-adjunto do Ciesp, disse que há claramente um exagero na austeridade da política monetária do Banco Central. Segundo ele, o BC está equivocado e gerando uma grande distorção na economia. Lacerda explicou que taxas de juros tão altas prejudica o nível de atividade da indústria, desestimulando os investimentos, e ainda eleva a dívida pública.
Para ele, a crise política não pode ser responsabilizada pela desaceleração da economia, já que vários indicadores, como a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresenta ganhos neste ano. Lacerda também criticou a política cambial e disse que as empresas estão perdendo bastante com a desvalorização do dólar. As exportações de manufaturados caíram 12% em outubro, sobre setembro. O economista do Ciesp, no entanto, disse que 2006 poderá apresentar um resultado melhor, se o governo mudar a política monetária, dando seqüência a redução do juro.
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