| 30/11/2005 07h
A cassação do deputado federal José Dirceu (PT-SP) deverá ser dedicida em votação no Plenário da Câmara, a partir das 19h. O relatório do Conselho de Ética da Casa recomenda a perda de mandato do ex-ministro chefe da Casa Civil, que deixou o cargo há 167 dias em meio a denúncias que envolviam o seu nome no esquema do suposto mensalão. Para que seja condenado, é preciso que pelo menos 257 dos 513 deputados votem contra Dirceu.
O parlamentar calcula ter 200 votos a seu favor, a maioria em partidos da base aliada. O deputado acredita que outros 200 são ferrenhos adversários seus e luta para conquistar pelo menos 60 dos 113 restantes. Seus alvos prioritários são PMDB, PL, PP e PTB. À tarde, antes do início da votação, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento de um recurso de Dirceu que terminou empatado em cinco a cinco na última quarta-feira. Resta agora o voto de minerva do ministro Sepúlveda Pertence.
Se Pertence votar a favor do ex-ministro, a situação pode gerar um choque de poderes que há dias é temido no ambiente político nacional. De acordo com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), se for dado amparo ao pedido de Dirceu, não haverá nada a fazer e as investigações sobre corrupção serão prejudicadas. Dirceu alega que as testemunhas apresentadas pela defesa no processo foram ouvidas antes que as da acusação e que não há provas do crime atribuído a ele.
Desde o início da crise em Brasília, o único deputado a perder o mandato foi o pivô, Roberto Jefferson (PTB-RJ). Denunciado no Conselho de Ética por denunciar sem provas, o parlamentar acabou perdendo o mandato e os direitos políticos por oito anos - período em que não poderá se candidatar a nenhum cargo público.
Juntamente com Lula, José Dirceu dirigiu os destinos do PT durante os últimos 15 anos e foi responsável por levar o partido do marxismo às posições de centro-esquerda atuais. Nos últimos dias, o ex-ministro participou de dezenas de atos organizados por seus partidários contra a cassação e usou sua conhecida habilidade política para fazer alianças no Parlamento. Segundo pessoas próximas a ele, Dirceu tem certeza de que obterá os 257 votos que o permitiriam salvar uma carreira política que começou como dirigente estudantil, continuou na guerrilha e o levou ao exílio, nos anos 70. Em uma recente entrevista, o ex-ministro atribuiu a sua história a "perseguição" que diz sofrer.
– Querem me destruir porque sou um símbolo da esquerda – disse.
A direção-geral da Câmara dos Deputados anunciou um reforço no esquema de segurança da Casa. O plano inclui restrição de acesso ao plenário e galerias e montagem de barreiras nos corredores do prédio para identificação de visitantes. Haverá 260 agentes de segurança para compor o efetivo. Nesta quarta, não haverá permissão para visitas de turistas. O acesso às galerias será restrito àqueles que tiverem senhas. As permissões serão distribuídas aos líderes partidários proporcionalmente ao tamanho das bancadas.
Para quem quiser acompanhar pela internet, o clicRBS vai retransmitir a sessão da Câmara por meio dos streamings da TV Câmara e da Rádio Gaúcha.
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