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 | 26/11/2005 18h34min

Tricolor está de volta à Série A

Anderson marcou o gol mais importante da história recente do clube

Um milagre. O Grêmio subiu à Série A. Diz o hino gremista: "és imortal tricolor". Só a imortalidade explica o resultado do jogo: Grêmio 1 a 0, gol de Anderson na segunda etapa. O gol, além de trazer o time de volta aos grandes do futebol brasileiro deu o título da Série B ao clube gremista.

Foi sofrido. Foi duro. Foi angustiante. Mas acabou. Hoje, 26 de novembro, o Grêmio voltou à elite do futebol brasileiro. O time soube resistir à pressão da torcida, dos jogadores do Náutico, dos dirigentes e quiça, do Estado pernambucano para subir à Primeira Divisão. Muito trabalho, esforço e comprometimento. O Estádio dos Aflitos estava lotado. Os torcedores agitavam bandeiras, apitavam. Faziam de tudo para intimidar o elenco tricolor, que mostrou garra e união.

Seis na linha e um goleiro. Foi assim que o Grêmio retornou ao grupo dos grandes do futebol brasileiro. Foi assim que o clube de 102 anos, bicampeão da Libertadores e Campeão do Mundo, sagrou-se campeão da Série B ao derrotar o Náutico por 1 a 0.

Como era natural, o Náutico começou empurrando o Grêmio para o seu campo. Pressionando pelos flancos através de Kuki, pela direita e Ademar, pelo lado esquerdo.

O jovem goleiro Galatto, aos 5 minutos, pressentiu o perigo. Caiu no gramado na tentativa de esfriar o jogo. Foi um paliativo importante, já que, no lance seguinte o time de Mano Menezes chegou na área de Rodolfo. Numa bola levantada na área, Lipatin cabeceou sobre o travessão.

O time da casa, com o apoio da torcida, deu o troco à altura. Aos 12 minutos, Tozo experimentou de fora da área: Galatto fez uma excelente defesa salvando o Grêmio.

Após o lance, a equipe gremista se embuiu de um sentimento de força. A equipe passou a jogar mais adiantada, marcando com mais segurança e explorando os contra-ataques puxados, na maioria por Ricardinho. Aos 28 minutos, o tricolor teve uma grande chance. Numa jogada trabalhada pelo lado direito, a bola sobrou para Marcel. O gol estava aberto, ele bateu forte, mas longe, sem perigo.

Perigo que ficou gigantesco aos 32 minutos. O zagueiro Domingos empurrou Paulo Matos dentro da área: pênalti. O Estádio dos Aflitos explodia em alvoroço.

Só que a bola também explodiu, na trave. O Náutico não acreditou. Foi para a pressão. Dois minutos depois, Paulo Matos mandou uma paulada. Galatto, de forma incrível, salvou. Neste momento, o time gremista estava apático, meio assustado. Gallato parecia jogar sozinho. Num contra-ataque rápido, Kuki escapou pela direita, entrou livre e ficou cara a cara com Galatto. O goleiro tricolor levou a melhor. Fim do primeiro tempo. Fim de um sufoco.

Sufoco que aumentou no segundo tempo. Ricardinho, atleta mais perigoso, não voltou ao campo. Saiu lesionado. Lucas, volante entrou no seu lugar. Afinal, o empate servia. Mano queria um ferrolho.

Do outro lado, Roberto Cavalo se atirou ao ataque de forma desesperada. Logo aos 2 minutos, o baixinho Kuki, de cabeça, tentou. A bola ficou nas mãos de Galatto. Com espaço para o contragolpe, Lipatin, aos 5, fez jogada pela ponta-esquerda. O cruzamento saiu com qualidade. Marcelo Costa, porém, desperdiçou cabeceando no meio do gol.

A dramaticidade do jogo aumentava a cada volta dos ponteiros do relógio. Ela quase se tornou trágica aos 26. Numa boa triangulação pelo meio, Kuki recebeu livre dentro da área. O chute saiu forte e para fora.

Uma série de incidentes na segunda etapa culminaram com o trágico desfecho. Aos 35 minutos do segundo tempo, o árbitro marcou pênalti. A partir disto, os jogadores foram cobrar do juiz. Nunes e Patrício foram expulsos na confusão. O policiamento entrou em campo, houve bate-boca, empurrões e agressões. Na tentativa de recomeçar o jogo, o juiz foi agredido por Domingos. Mais um expulso.

No recomeço da partida, que ficou parada por 20 minutos, Ademar cobrou com força, Galatto defendeu. Restavam 10 minutos de jogo. Até ali, era uma jornada heróica. Mas o que ocorreu no minuto seguinte, foi mítico, lendário. O garoto prodígio do Grêmio, Anderson, que havia entrado na segunda etapa roubou a bola pela esquerda, fez jogada individual, limpou dos zagueiros e na cara de Rodolfo decretou: Grêmio campeão e de volta à Série A.

Com o apito final, o ferrolho soltou-se. O time dentro de campo explodiu numa alegria. Foi só vibração. Dentro e fora de campo, pois o torcedor gremista comemora. Afinal, o Grêmio está de volta.

RODRIGO CELENTE
 
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