| 22/11/2005 13h23min
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reiterou hoje, durante depoimento na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, que não vai processar judicialmente seu ex-assessor na prefeitura de Riberão Preto (SP), Rogério Burati, para não intensificar o clima de conflito político que domina o país, neste momento.
Burati, que foi secretário de governo de Palocci, afirmou que a empresa Leão & Leão pagava, entre 2001 e 2002, uma mesada de R$ 50 mil ao então prefeito da cidade e outros, da região. O pagamento garantiria a manutenção dos serviços de coleta de lixo e varrição de ruas entre a empresa e a prefeitura.
Palocci assinalou que algumas pessoas estão sofrendo processos no momento não apenas por eventuais falhas, mas principalmente por terem trabalhado com ele no passado. E frisou que, no momento oportuno, vai adotar as medidas que forem as mais adequadas.
– Na minha opinião, esses processos (contra ex-assessores) têm um claro aspecto político. Uma operação foi feita no dia em que o Burati falou e as fitas foram entregues a uma rede de tevê para divulgação. Foram pessoas da Polícia Civil que autorizaram essa transcrição e eu tenho os nomes delas, mas não vou divulgá-los, porque quero evitar uma ampliação do conflito político – disse.
Para Palocci, muitas inverdades estão sendo publicadas pela imprensa, mas o momento não é o mais correto para ele agir.
– Eu penso que, como ministro, se processar um jornalista ou quem prestou depoimentos inverídicos, estarei usando o peso do Ministério contra as investigações. Por isso, não vou tomar providências judiciais neste período. Tenho comprovação de dezenas de coisas que foram ditas, denúncias, inverdade absolutas. Nunca contestei e nem fui à Justiça. Mas depois vamos analisar as medidas a serem tomadas – acrescentou.
Além disso, Palocci negou que bancos públicos e privados tenham sido favorecidos com pagamento de R$ 1,3 bilhão em serviços de arrecadação e pagamentos previdenciários. O ministro informou que a operação financeira teve parecer favorável da Advocacia-Geral da União (AGU), sendo que 62,75% dos valores foram repassados a bancos públicos e correspondiam a "dívidas reais que poderiam causar a suspensão do serviço de arrecadação da Previdência".Palocci confirmou que os pagamentos não foram feitos em dinheiro, mas em títulos públicos de longo prazo.
– Houve a troca de uma dívida bancária por uma dívida mobiliária, com a emissão de títulos do Tesouro com prazos de vencimento muito mais longos que a média dos praticados naquela época – afirmou.
Caso a operação não fosse efetuada, Palocci disse que os valores poderiam entrar na contabilidade dos bancos como "dívidas não pagas pelo governo brasileiro", o que prejudicaria a posição do país no mercado internacional de investimentos.
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