| 10/11/2005 14h11min
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios começou a apresentar por volta das 14h à CPI um relatório parcial que pede o indiciamento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério de Souza. O deputado afirma que Valério responderá por seis crimes: fraude contábil e processual, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, tráfico de influência, crime contra a ordem tributária e crime contra a ordem financeira. Delúbio responderá por crime eleitoral e tráfico de influência.
O relatório de Fruet aponta Delúbio Soares e Marcos Valério como "as peças centrais do quebra-cabeça" para descobrir a origem precisa dos recursos que teriam sido repassados ao PT. O documento tem 52 páginas e apresenta 10 argumentos para contestar a versão dos empréstimos feitos pelos bancos BMG e Rural ao PT.
O relatório destaca que, notavelmente, “todo o
episódio dos alegados
empréstimos concedidos ao PT guarda um conjunto de características que não se pode deixar de considerar, quando menos, estranha".De acordo com o documento, ainda há várias questões a serem esclarecidas. Contudo, Fruet diz estar certo de que não se trata de empréstimo os repasses de Valério a Delúbio.
– A escrituração contábil dos empréstimos não demonstra sua veracidade. Ao contrário, sua análise comprova a ocorrência de atos incompatíveis com a Lei – aponta o texto.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PSDB-PR), que também assina o documento, disse que fez uma revisão parcial do relatório e que está absolutamente convencido de que os empréstimos para o PT e aliados não existe. Entre os 10 argumentos que o convenceram de que houve a simulação dos empréstimos, o relator questiona o fato de uma agência de publicidade tomar dinheiro bancário pagando juros e repartir os recursos com partidos políticos sem assinar sequer um contrato.
Além
disso, o relator destaca
divergências contábeis na contabilidade da DNA Propaganga e ressalta que pelo menos um empréstimo do Rural ao PT, no valor de R$ 3 milhões, foi renovado 10 vezes. Outro empréstimo, feito pela SMP&B, foi prorrogado seis vezes e só passou a ser cobrado judicialmente após instalação de comissão, em 9 de junho deste ano.
Segundo o relatório, as vultosas operações financeiras feitas pelo BMG são incompatíveis com uma gestão responsável, tanto que o Banco Central determinou o rebaixamento da classificação desses empréstimos em face de seu difícil recebimento. O documento cita ainda o caso da Visanet, empresa da qual o Banco do Brasil tem mais de 30% de participação, e que teria realizado transferência de recursos públicos para Valério.
O relatório cita como fontes de recursos do valerioduto o Banco do Brasil e empresas associadas. Outras possíveis fontes, segundo o documento, são as próprias empresas de Marcos Valério, cujos contratos com o poder público foram auditados e prorrogados e que ganhariam outras concorrências do governo federal com recursos de médio e longo prazo por meio da apropriação de comissões.
O BMG e o Rural, bancos que tiveram no empresário um facilitador para conseguir benefícios no governo, também seriam fontes do dinheiro que era desviado ao PT. O relatório cita ainda empresas privadas com interesse no governo e que contrataram as agências de Valério, a corretagem de investimentos de fundos de pensão e recursos oriundos do Exterior como fontes dos recursos.
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