| 24/10/2005 13h57min
A atividade industrial apresentou sinais claros de acomodação no terceiro trimestre do ano, segundo informou hoje a Confederação Nacional da Indústria (CNI). No período, apenas a produção de bens de consumo não-duráveis cresceu, sustentada pelo aumento das exportações de gasolina e produtos farmacêuticos.
De acordo com o boletim Notas Econômicas da entidade, a expansão de 1,1% da produção industrial em agosto em relação ao mês anterior, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi apenas um contraponto à queda de 1,9% observada em julho.
Na média de julho e agosto, o que se observa é estabilidade da produção na comparação com o segundo trimestre. E como o mês de setembro não deverá alterar de forma significativa o cenário, o economista Paulo Mol, da CNI, acredita que a tendência é de estabilidade no terceiro trimestre.
– Para o quatro trimestre, podemos até esperar crescimento da atividade. Mas, no terceiro trimestre, não haverá crescimento – disse.
O desaquecimento da produção do setor industrial foi generalizado. A produção de bens de capital teve nítida desaceleração, o que pode sinalizar redução dos investimentos. O desempenho da produção de bens de consumo duráveis também foi desfavorável e pode estar relacionado com a redução no ritmo de concessões de crédito à pessoa física. Apenas os bens de consumo não-duráveis tiveram bom desempenho em julho e agosto.
– Mas esse desempenho não reflete efeitos do aumento da renda do trabalhador – destacou Mol. Isso, segundo ele, porque os segmentos mais relacionados ao salário tiveram queda de produção, como alimentos, bebidas, produtos de limpeza, vestuário e calçados.
O destaque da categoria de bens não-duráveis ficou por conta da produção de carburantes (álcool e gasolina), que cresceram 3,6% na média de julho e agosto em relação ao segundo trimestre, e de produtos farmacêuticos, com alta de 7,5% na mesma comparação.
- Mas essas expansões não foram causadas pelo aumento da demanda interna - acrescentou Mol. O economista explicou que o crescimento da produção de carburantes e de artigos farmacêuticos deve-se à expansão das exportações.
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