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 | 19/10/2005 11h26min

Lula cobra seriedade no manejo da crise da aftosa

Presidente diz que há exagero por parte de alguns setores nacionais

Durante visita à Praça Vermelha, um dos cartões postais de Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a maneira como alguns setores nacionais estão manejando o problema da descoberta de novos focos de aftosa no país.

No passeio fora da agenda oficial, realizado pouco antes do encontro com o presidente russo Vladimir Putin, ontem, no Kremlin, Lula afirmou que o mundo tratou com mais seriedade o problema. Disse ainda que o foco não vai interromper as vendas ao mercado externo porque a qualidade do produto nacional é reconhecida internacionalmente.

– O mundo tratou com mais seriedade do que determinados setores dentro do próprio Brasil – disse o presidente, que estava com a primeira-dama, Marisa Letícia.

Apesar do otimismo presidencial, as projeções do mercado para as perdas nas exportações por causa da aftosa variam de US$ 400 milhões a US$ 1 bilhão. A diferença entre as estimativas decorre do fato de os principais compradores do produto nacional terem optado por um embargo parcial e do curto tempo em que está vigorando – apenas duas semanas.

Mas a consultoria GRC Visão divulgou estudo mostrando que a queda de 50% na média exportada pelo complexo carne ocorrida nas últimas duas semanas provocou perdas na balança comercial nacional. A média das exportações da segunda semana de outubro chegou a US$ 529,8 milhões, 6,3% inferior à média de US$ 564,2 milhões da primeira semana do mês, segundo a consultoria.

A duração do embargo terá impacto direto nas perdas internacionais, avalia o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Por isso, a AEB projeta apenas as perdas em 2005, de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões, considerando todos os tipos de carnes, sem arriscar estimativas para 2006.

– Em média, um embargo dura seis meses, mas há outras variáveis que dificultam fazer previsões, entre elas o fato de a suspensão atingir apenas algumas regiões do país. Por outro lado, é claro que outros países, como Austrália, Estados Unidos e Argentina, poderão ficar com o mercado aberto com o embargo ao Brasil – pondera Castro.

Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot, especializada em pecuária, concorda que o cenário está bastante indefinido, o que dificulta projeções.

A média diária das exportações brasileiras de carne caiu de US$ 34,6 milhões em setembro, para US$ 27,7 milhões, em outubro.

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