A livre flutuação do câmbio na Argentina foi adiada, com a prorrogação por mais dois dias do feriado cambial, vigente na Argentina desde sexta-feira. A explicação para a prorrogação é de que ainda faltam medidas para regulamentar a flutuação cambial e a pesificação total da economia.

Nesta quarta e quinta-feira, dias 6 e 7, os bancos só poderão realizar algumas operações, como pagamento de salários e aposentadorias, cobrança de impostos e tarifas, informou o Banco Central. As retiradas bancárias são limitadas a 1,5 mil pesos das contas-salário e de 1,2 mil das contas correntes. A flexibilização das restrições a saques bancários, anunciada domingo pelo ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, valerá apenas a partir da próxima segunda-feira, informou uma fonte do Ministério da Economia.

A Argentina espera ansiosa a reabertura do mercado de câmbio, prevista inicialmente para esta quarta. A grande expectativa é como se comportará o dólar sob o regime de livre flutuação "suja" (com eventuais intervenções do Banco Central para conter a alta da moeda), que deverá vigorar a partir do reinício das operações cambiais. O governo teme que o nervosismo da população a leve a comprar dólares para se proteger da desvalorização, fazendo a cotação da moeda norte-americana disparar.

Também preocupa a reação popular à anunciada liberação de contas-salário e valores referentes a indenizações trabalhistas depositados em bancos. Uma pesquisa divulgada na segunda-feira aponta grande descrença dos argentinos no sistema financeiro. Cerca de 52% dos pesquisados anunciaram a intenção de retirar todo seu dinheiro dos bancos logo que for possível, e 54% desses pretendem transformar suas economias em dólares.

Para prevenir uma disparada nas cotações, o governo adotou medidas para desestimular a utilização da moeda norte-americana, como a "pesificação" de dívidas, créditos, depósitos e contratos em dólar. Na sexta-feira, último dia de operações no mercado cambial, a cotação da moeda chegou a 2,05 pesos, com longas filas de pessoas que se formaram diante dos bancos e das casas de câmbio.