| 19/10/2005 02h15min
BLUMENAU - Fazer um churrasco está mais caro no Vale do Itajaí. Nos açougues e supermercados da região falta o produto nobre e, quando conseguem um fornecedor que ainda tenha carne de boa qualidade, o preço assusta. Em duas semanas, o quilo sofreu um reajuste de até 40%. O foco de febre aftosa em Eldorado e a seca no Mato Grosso do Sul são apontados como as principais causas da escassez e do alto custo.
O aumento no preço da carne bovina é comum no final do ano, mas normalmente ocorre de forma gradativa, entre outubro e dezembro, sem ultrapassar 10%. Este ano, os donos de açougues sentiram a diferença em apenas 15 dias.
- Ainda não repassamos para o consumidor, mas não dá para segurar o preço por muito tempo. Porém, a qualidade piorou e já tem afastado alguns compradores - afirma o proprietário da Casa de Carnes, Adroaldo Amadori.
No Supermercado Mini-Preço foi possível manter o valor por duas semanas, enquanto existia estoque. Apesar de terem
adiantado pedidos ao prever o
impacto da febre aftosa sobre a produção, de acordo com o gerente do estabelecimento, César Harry, a partir desta semana a crise refletiu no preço. As carnes de primeira, como a picanha, a alcatra, o contrafilé e o mignon são as mais afetadas. Alguns açougues aumentaram o preço e a alcatra, que o quilo custava em média R$ 8,50, sai agora por R$ 9,95.
- Com a queda da qualidade e o aumento de preço, esperamos uma queda mínima de 20% nas vendas de carne bovina - estima Harry.
Os restaurantes e churrascarias da região estimam uma queda de até 15% no faturamento, porque não pretendem repassar o aumento para o cliente por enquanto.
- Precisamos respeitar o consumidor e não dá para assustá-lo com este aumento, senão nosso prejuízo é ainda maior - alega o gerente da Churrascaria Ataliba, Lauro Sautner.
Segundo ele, a qualidade da carne nobre piorou e a carne com osso quase não existe mais em grande quantidade. Até ontem, ele ainda
não encontrara o cupim classe A, com pouca
gordura, para vender na região.
O comprometimento com o serviço prestado afeta também o sócio da Churrascaria Alameda Grill, Sérgio Rodacki. A carne bovina é o carro-chefe do estabelecimento e a crise atual cria certa apreensão.
- Em alguns fornecedores o quilo da picanha chega a R$ 15, enquanto há duas semanas comprávamos por 50% menos. Mas ainda dá para segurar o nosso preço por mais uns 10 dias - aposta Rodacki.
O proprietário do D'Colônia Restaurante e Cozinha, Edson Luiz Kurtz, além do buffet, fornece marmita para várias empresas do Bairro Salto do Norte, em Blumenau.
- Não podemos repassar o novo custo da carne porque o salário do trabalhador não mudou e aí o afastamos. Esperamos ser onerados em até 8% enquanto o problema não for resolvido - calcula.
( leticia.silva@santa.com.br
)
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