| 16/10/2005 18h55min
Os exportadores brasileiros de carne calculam em US$ 1,5 bilhão os prejuízos causados pelo embargo ao produto declarado por mais de 30 países por causa de um foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul. A perda temporária desses mercados repercutirá também em uma substancial redução das previsões oficiais sobre o valor das exportações de produtos agrícolas brasileiros em 2005. No pior dos cenários, as previsões iniciais apontavam um crescimento de 10,2%, mas agora chegarão a 6,4%.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as vendas ao exterior do setor deviam reportar US$ 43 bilhões em receita, mas, com a perda de US$ 1,5 bilhão calculada pelos produtores de carne, a previsão cai para US$ 41,5 bilhões. A indústria agroalimentar brasileira exportou no ano passado US$ 39 bilhões, US$ 6,2 bilhões correspondentes à venda de carne e de seus derivados, US$ 2,5 bilhões procedentes das exportações de carne de suíno, acrescentou a CNA.
O Brasil é o principal exportador mundial de carne bovina e de frango. Na comercialização de suínos, o país está em terceiro lugar. O chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e Comércio Exterior da CNA, Antonio Donizeti Beraldo, considera que as exportações demorarão pelo menos dois anos para se recuperarem.
O ex-ministro da Agricultura e atual presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, lembrou que os produtores uruguaios demoraram um período semelhante para sair do ostracismo causado pelo foco de aftosa descoberto em 2001.
Antes do foco de febre aftosa, a previsão da Abiec e do Ministério da Agricultura era que as exportações de carne embalada a vácuo chegariam a US$ 3 bilhões este ano.
Os 25 membros da União Européia, Rússia, Argentina, Chile, Israel, Paraguai, Bolívia, África do Sul e Uruguai decretaram na semana passada o embargo total ou parcial à carne brasileira como conseqüência de um foco de febre aftosa. Os países-membros da União Européia compram 30% da carne brasileira. A decisão afeta fundamentalmente os três principais estados produtores: Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, todos com fronteiras comuns e que exportam 70% da carne brasileira.
O foco foi detectado em 153 cabeças de gado de uma fazenda do Mato Grosso do Sul. O estado, que tem 20 milhões de cabeças de gado dos 95 milhões do rebanho brasileiro, não registrava casos de febre aftosa desde 1999, quando surgiu um foco numa fazenda na região de fronteira com o Paraguai.
A desconfiança gerada também será prejudicial para negociações futuras, como as que estavam bem encaminhadas com os EUA e o Japão, advertiu o ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento Pecuário do Estado de São Paulo Pedro Camargo Neto. Segundo o especialista, é muito provável que as negociações voltem ao ponto de partida.
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