A morte de Jair Antônio da Costa, 31 anos, após o confronto com PMs e policiais rodoviários na última sexta-feira ao final de protesto contra a crise no setor coureiro-calçadista está gerando no Vale do Sinos um repúdio da população à Brigada Militar e à Polícia Rodoviária Estadual. O caso pode ganhar maiores proporções se o pedido de intervenção na polícia gaúcha, feito pelo deputado federal Marco Maia (PT) à Secretaria Especial de Direitos Humanos, for atendido.

Após o sepultamento do sapateiro no Cemitério Católico de Igrejinha às 17h30min de sábado, as centenas de pessoas que acompanhavam o cortejo fizeram um protesto, interrompendo o trânsito no trevo de acesso à cidade, na rodovia que liga o Vale do Paranhana a Gramado (RS-115). A manifestação, que durou 10 minutos, já se dissipava quando um carro da BM entrou em um posto de combustíveis em frente ao local onde ocorria o protesto, dando início ao tumulto. Houve correria dos manifestantes, entre eles sapateiros, sindicalistas da CUT e integrantes do MST, em direção ao veículo da polícia.

O episódio foi o estopim que levou o parlamentar a pedir que o governo federal intervenha na Secretaria Estadual de Justiça e Segurança para tomar medidas sobre o envolvimento da polícia no Rio Grande do Sul na morte de inocentes.

A partir das 10h desta segunda, a Polícia Civil de Sapiranga começará a ouvir os depoimentos de duas testemunhas que teriam presenciado o crime. Cinco PMs (um tenente, um sargento e um soldado) e dois policiais rodoviários (um sargento e um soldado), que tiveram contato com a vítima, da abordagem ao transporte ao Hospital Sapiranga, estão afastados das funções desde sábado até a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM).

Além do delegado Pedro Vilmar Marques, o promotor do Júri, Plínio Castanho Dutra, irá acompanhar as investigações. Uma das duas testemunhas que deve depor é o industriário de Sapiranga, Anilton Moacir de Oliveira, 35 anos.