| 22/09/2005 16h20min
Cerca de 3,5 mil pessoas estão isoladas na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, porque a ponte que dá acesso ao local foi parcialmente queimada por volta das 3h desta quinta, dia 22. A ponte Urucuri, localizada a 290 quilômetros de Boa vista, leva à aldeia Maturuca, onde acontece a festa em comemoração à homologação da reserva, razão pela qual milhares de pessoas foram ao local.
Até que a ponte seja reconstruída apenas as autoridades presentes ao evento poderão deixar o local, utilizando avião. Participam da comemoração o assessor especial da Presidência Cezar Alvarez, os presidentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, e a procuradora da 6ª Câmara (Comunidades Indígenas e Minorias) do Ministério Público Federal, Déborah Duprat.
O secretário estadual dos Direitos Indígenas Adriano Nascimento, que entrou em contato com o governo do Estado de Roraima para informar o incêndio, diz acreditar que os responsáveis por queimar o Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sul (antiga missão Surumu), no último sábado, dia 17, estão envolvidos no atentado à ponte.
– Acho que foram as mesmas pessoas que atearam fogo contra a missão. Mas o governo do Estado não aceita isso.
Segundo o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, o Batalhão de Engenharia do Exército já foi acionado para reconstruir a ponte.
– Acredito que os ônibus que trouxeram as pessoas para a região poderão sair amanhã.
Raposa Serra do Sol foi homologada em área contínua em abril. Nos 1,74 milhão de hectares de área vivem cerca de 15 mil indígenas. O decreto prevê que os não-indígenas têm um prazo de 12 meses para desocupar a reserva.
– Os funcionários da Funai e do Incra estão trabalhando no reordenamento agrário. Muitas das famílias não-indígenas já assinaram os laudos e nas pequenas vilas
diversas pessoas se apresentaram espontaneamente para
receber a indenização – afirma o presidente da Funai.
Ele afirma, entretanto, que nenhum dos sete grandes produtores de arroz deixou a região até o momento.
Apesar do clima tenso, o presidente do Incra afirma que a festa não será interrompida.
– Os povos indígenas contam com a autoridade do governo do estado. O Estado tem a responsabilidade de apurar e punir os responsáveis.
AGÊNCIA BRASIL
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