| 05/09/2005 22h42min
Em um dos três depoimentos à Polícia Federal, o doleiro Vivaldo Alves afirmou que, a pedido de Flavio Maluf, fez depósitos no Exterior para Duda Mendonça, antes que o publicitário admitisse publicamente a existência de dinheiro não declarado fora do Brasil.
Duda Mendonça trabalhou para o PT, mas já havia atuado nas campanhas de Paulo Maluf e de Celso Pitta à prefeitura de São Paulo.
O termo "publicitário" aparece numa das conversas entre Paulo Maluf e um dos advogados dele. O diálogo foi gravado depois do primeiro depoimento de Vivaldo.
– Bom, então, eu acho que agora nós temos que pensar numa direção a seguir, contando como que ele possa ter feito lá de pior, não é? – afirma o advogado.
– Acho que a direção a seguir é a seguinte, viu? Se ele incluiu o publicitário no assunto, o chefão... – diz Maluf – Do Pro não vai deixar ele seguir o processo adiante – concluiu.
A investigação concluiu que "Pro" é o delegado Protógenes Queiroz, responsável pelo inquérito. E o chefão que não deixaria o processo seguir adiante, caso o nome do publicitário aparecesse, seria o Ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, a quem a Polícia Federal está subordinada.
Cinco dias depois, a interceptação captou dois recados que Paulo Maluf deixou no celular do ministro da Justiça. O primeiro, às 8h42min da manhã do dia 21 de julho deste ano, Maluf diz bem informalmente que "teria interesse em bater um papo" no fim de semana, acrescentando que "seria importante".
No mesmo dia, às 19h19min, Maluf liga novamente:
- Ministro, boa noite. É Paulo Maluf. 19h25min de quinta-feira. Tenho muito interesse em falar com vossa excelência nesse fim de semana. É muito importante. Obrigado – diz Maluf, agora num tom mais formal.
No depoimento, Vivaldo deu detalhes de depósitos feitos no Exterior em benefício de publicitários de campanha.
– Duda Mendonça, que foi quem fez a campanha de Paulo Maluf, que foi Duda Mendonça e Nelson Biondi. Eles eram sócios – diz Vivaldo à PF.
– E qual conta que eles utilizavam, qual código? – pergunta um dos policiais.
– Era no Citibank. Chamava-se conta Eleven – afirma Vivaldo.
Eleven, Vivaldo explicou, era uma referência a 11 – o número de Maluf em campanhas eleitorais. O total depositado, diz era de cerca de US$ 5 milhões. Por ordem de Flávio Maluf. O dinheiro teria sido depositado em 1998, antes da campanha eleitoral.
A conta que recebeu o dinheiro para Duda Mendonça, segundo Vivaldo, pertencia a uma empresa chamada Heritage Finance Trust, no Citibank de Nova York.
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