| 15/08/2005 08h52min
O filme Soy Cuba - O mamute siberiano (2004), dirigido por Vicente Ferraz que abre hoje à noite a competição de longas documentários no Festival de Gramado, é uma declaração de amor ao cinema – especificamente, um daqueles cantos à paixão não-consumada. Em 1961, o diretor Mikhail Kalatozov e o cinegrafista Sergei Urushevski – ganhadores da Palma de Ouro no Festival de Cannes pela obra-prima Quando voam as cegonhas (1957) – foram mandados a Cuba pelas autoridades soviéticas para filmar um épico sobre a Revolução.
Quatorze meses e uma fábula de dinheiro mais tarde, o filme Soy Cuba - rodado em deslumbrante preto-e-branco com enquadramentos e movimentos de câmera rebuscados - é lançado em Havana e Moscou. Um fracasso: tanto cubanos quanto russos não viram na tela a alma e a realidade do país de Fidel Castro. Ironicamente, Soy Cuba acabou sendo exumado pelos americanos: no final dos anos 80, Martin Scorsese e Francis Ford Coppola resolveram relançá-lo em cópias restauradas, transformando-o em obra de culto.
O realizador carioca Vicente Ferraz, ex-estudante de cinema da escola cubana de San Antonio de los Baños, retraça os passos dessa arqueologia artística em Soy Cuba - O mamute siberiano, entrevistando 40 anos depois técnicos e atores que participaram do que a imprensa chamou na época de "uma alucinação bolchevique" e mostrando trechos do filme. Além da memória da recuperação de uma belíssima obra de arte esquecida, o documentário do estreante Ferraz mostra que Soy Cuba diz mais a respeito de caribenhos e eslavos - e do encontro entre eles - do que seus realizadores supunham.
As informações são da Zero Hora.
ROGER LERINA/ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.