Assim como tinha prometido, o empresário Marcos Valério não poupou críticas ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no depoimento de hoje na CPI do Mensalão.

– Eu não morro de amores pelo Dirceu – disse Valério após Wladimir Costa (PMDB-PA) indagá-lo se o ex-ministro havia mentido na Comissão de Ètica.

Ao ser perguntado se o ex-ministro é prepotente e arrogante, Valério acrescentou que concorda em gênero, número e grau. Instantes antes o publicitário havia dito que Dirceu sabia das operações de empréstimo de R$ 55 milhões ao PT.

Sobre as operações de empréstimo, Valério disse:

– Não sei se o que fiz é crime, mas não sugiro a ninguém, não estou nada bem no lugar onde estou.

Valério entregou ao relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), uma lista de pessoas que teriam feito saques nas contas de suas empresas durante a campanha eleitoral de 1998. Nesse ano, conforme documentos divulgados pela imprensa, as empresas de Valério financiaram aliados do então governador de Minas, Eduardo Azeredo, candidato à reeleição.

Questionado por Abi-Ackel se teria documento semelhante sobre a campanha de 2002, o empresário, que presta depoimento neste momento na CPI, garantiu que suas empresas não participaram dessa disputa. Segundo ele, as pessoas que efetuaram saques após esse período utilizaram os recursos para pagar dívidas.

Valério também detalhou algumas informações sobre sua viagem a Portugal em companhia do tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri. Segundo Valério, a viagem não teve o objetivo de obter recursos para cobrir dívidas do PT e do PTB, conforme informou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ao Conselho de Ética, mas para garantir que as agências de Valério mantivessem a conta da empresa Telemig Celular.

Marcos Valério relatou ainda que Palmieri disse, durante a viagem, que estaria sofrendo "pressões" de Roberto Jefferson para obter recursos irregulares no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).