– É o rei da mentira – sussurrava o deputado Roberto Jefferson aos seus advogados ontem, nas primeiras horas do duelo contra o ex-ministro José Dirceu.

Jefferson recebeu orientações de assessores até segundos antes de começar a rebater os argumentos do ex-ministro. Até um sistema de senhas foi combinado com os advogados. Bastava uma palavra-chave ou sinal, e o petebista tirava cartas inéditas da manga.

"Portugal" foi a senha para que o deputado deflagrasse a mais nova denúncia contra Dirceu: o suposto acerto de pagamento de dívidas do PT e do PTB com a empresa Portugal Telecom. Os avisos a Jefferson também chegaram por cutucões por baixo da mesa.

– É só olhar a ponta do sapato dele. Quase não tem mais de tanto que pisamos – brincou o advogado gaúcho Luis Francisco Barbosa, o Barbosinha.

Desde que denunciou o suposto pagamento de mesadas a deputados do PP e do PL pelo PT, o petebista já se acostumou com a romaria que se formou no apartamento em que vive, em Brasília. Ontem, horas antes de o deputado se dirigir ao Congresso, a casa estava cheia.

Na chegada ao Congresso, Jefferson ficou recluso e logo se dirigiu à sala do conselho. Os advogados foram assediados. O petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) encontrou Barbosinha no corredor, e o questionou sobre a papelada que levava debaixo do braço.

– São representações – esclareceu Barbosinha.

– O Dirceu está nesta lista?

– Sim.

– Posso falar para ele? – ainda questionou Greenhalgh.

As dicas para Jefferson vieram até de Petrópolis (RJ). Era seu pai, que em pleno depoimento telefonou ao filho, para discutir seu desempenho.

As informações são do jornal Zero Hora.