A Câmara dos Deputados da Argentina revogou nesta quarta-feira, dia 19, os poderes especiais que havia concedido ao ministro da Economia, Domingo Cavallo. Os poderes permitiam que Cavallo adotasse medidas econômica e fiscal por decreto, sem passar pelo Parlamento. Os deputados também decidiram eliminar as restrições que estavam sendo impostas pelo governo para o pagamento do salário do funcionalismo público e das aposentadorias. Embora os parlamentares governistas, da União Cívica Radical (UCR), não tenham comparecido à sessão, os partidos de oposição, com o Partido Justicialista à frente, conseguiram quórum para a votação.

Quando Cavallo assumiu o cargo, em março, solicitou imediamente a concessão de superpoderes para tirar o país da recessão. No entanto, a retração econômica do país ainda é uma realidade e já dura 43 meses.

Oficialmente, o presidente argentino Fernando de la Rúa nega. Mas, nos bastidores, já oferece a cabeça de Cavallo, para tentar amenizar as críticas ao governo. Numa reunião em que participaram membros do governo e Raúl Alfonsín, ex-presidente argentino (1983 a 1989), De la Rúa disse está aceitando propostas e alternativas para sair da crise e que não é escravo do ministro. De la Rúa sinalizou mudar o regime de conversibilidade (um peso vale um dólar). As opções seriam desvalorizar o peso, dolarizar a economia ou promover uma mistura dos dois. Ou trocar Cavallo. O ainda ministro da Economia evitou nesta quarta comentar os distúrbios sociais enfrentados pelo país.