| 22/07/2005 12h16min
A Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul confirmou hoje o conteúdo das gravações dos integrantes da organização do argentino César Arrieta sobre a formação de uma caixinha para compra de apoio político na Câmara Federal. As transcrições foram publicadas no jornal O Globo nesta sexta.
O delegado gaúcho Ildo Gasparetto disse que as declarações divulgadas pelo jornal são do mês de janeiro e foram encaminhadas para a 1° Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro da Justiça Federal. Gasparetto diz ainda que o STF e a Procuradoria Geral da República, em Brasília, também receberam as gravações.
Uma reportagem, publicada na madruga pela versão online de O Globo, mostra conversas do grupo de Arrieta que estão transcritas em um relatório reservado do Ministério Público Federal ao qual o jornal teve acesso. Em alguns trechos são citados os nomes do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do deputado do PT e
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e de Roberto
Jefferson, do PTB.
Arrieta foi preso em Porto Alegre em 11 de abril deste ano na Operação Tango. Ele estava com outras 12 pessoas, que integrariam a quadrilha especializada em fraudes contra a Previdência e a Receita Federal.
Nos diálogos divulgados, Márcio Pavan, braço-direito de Arrieta, conversa com dois interlocutores identificados como Marcelo, contato da organização em Brasília, e Dênis. Pavan comenta R$ 10 milhões que o PT estaria arrecadando para dar ao PTB, cita o Banco Rural e pergunta, em linguagem cifrada, sobre uma determinada conta. Ele ainda quer saber se quem estaria fazendo o pedido do dinheiro seria "o Zé". Dênis responde que a solicitação teria vindo do tesoureiro, numa suposta referência a Delúbio. O pedido também teria sido endereçado a um cliente de Dênis interessado num financiamento do BNDES.
As declarações das conversas transcritas pelo jornal falam ainda no nome de outros políticos e o Banco Rural. Todas as gravações das
conversas entre os fraudadores foram
feitas seis meses antes das denúncias do mensalão.
A Operação Tango ocorreu em seis Estados brasileiros e prendeu 13 pessoas em março no Rio Grande do Sul. Três suspeitos ainda continuam detidos. Márcio Pavan está preso no Rio Grande do Sul. César Arrieta estava detido no presídio Central e desde o dia 26 de junho está internado em um hospital de Porto Alegre com pressão alta.
O grupo, que teria causado um prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos desde o ano de 97, pode ser condenado ou não pela Justiça ainda no final deste ano. O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul, que acompanhou o trabalho da Polícia Federal, destaca que o processo está em segredo de Justiça e ainda tramita no Ministério Público Federal.
Segundo a Polícia Federal, novos desdobramentos do golpe continuam sendo investigados no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Com informações da Rádio Gaúcha.
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