Uma reportagem da revista britânica The Economist, publicada na edição que chegou às bancas ontem, destaca que "o pior escândalo político do Brasil nos últimos 15 anos tomou proporções cinematográficas". A revista argumenta que o Brasil tem "sido menos eficiente do que julgava na guerra contra a corrupção".

Com o título (numa tradução livre) de Não mais imaculado – em referência ao PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a reportagem afirma que compra de votos não é novidade em Brasília, "onde presidentes precisam do apoio de parlamentares volúveis". E lembra que, no passado, o governador paulista Adhemar de Barros era associado por seus adversários ao slogan "rouba mas faz". Segundo a Economist, desta vez, porém, a dimensão do escândalo é um golpe duro para o governo Lula.

Na opinião da publicação de tendência liberal, uma explicação para a crise seria o inchaço da administração pública, aumentando a chance para corrupção ou acusações de corrupção. "Lula criou meia dúzia de novos ministérios, 120 mil empregos públicos, muitos deles para petistas. Em parte como resultado, a carga tributária cresceu para 37% do PIB, 25% mais do que há uma década e o dobro da média da América Latina."

Ainda segundo a revista, desde a queda do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, o Brasil criou uma das mais eficientes máquinas de investigação e punição de corrupção no papel. Na prática, porém, "os auditores do setor público estão sobrecarregados ou na mão dos burocratas que deveriam inspecionar, e as irregularidades passam em branco".

The Economist destaca que uma pesquisa mostra que muitos brasileiros suspeitam que o presidente, considerado um dos líderes políticos mais influentes da América Latina, sabia do esquema de corrupção no Congresso. Segundo a reportagem, a crise política lança dúvidas sobre a reeleição de Lula.

As informações são do jornal Zero Hora.