| 15/07/2005 22h02min
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que os depoimentos do publicitário Marcos Valério de Souza e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na Procuradoria Geral da República apontam para a existência de um esquema ilegal de arrecadação de fundos para a campanha do PT.
Delcídio se encontrou nesta sexta-feira com o procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, mas não revelou os detalhes da conversa. O presidente da CPI disse que até segunda-feira os depoimentos dos dois envolvidos no escândalo já deverão estar disponíveis para os demais integrantes da comissão.
Acusado de operar o mensalão, Marcos Valério fez na noite desta sexta-feira novas revelações sobre os empréstimos ao PT. Em entrevista ao Jornal Nacional, o publicitário contou que Delúbio pediu que fizesse empréstimos bancários, entre 2003 e 2005, para o partido em nome de suas agências, SMP&B e DNA.
Demonstrando estar tenso e com a barba por fazer, Valério não soube explicar, no entanto, por que fez os empréstimos. O publicitário disse apenas que todo o dinheiro foi repassado para o PT e para pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do partido.
– Foi um pedido. O PT estava com muita dificuldade financeira, de honrar seus compromissos. Mas o dinheiro nunca foi relacionado a nenhum mensalão. Era para cobrir dívidas que vinham do passado e para campanhas eleitorais – contou o publicitário.
Valério se recusou a revelar o nome das pessoas que teriam sacado dinheiro das contas de suas empresas. O publicitário alegou que prometera sigilo ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, com quem se encontrara na véspera. Valério também se negou a dizer o valor dos empréstimos que tomou para repassar ao partido, mas voltou a ressaltar que nunca houve mensalão:
– Nunca houve malas e nem saques. Foi tudo feito dentro das agências bancárias. Os saques em dinheiro eram para as pessoas que íam à agência sacar o dinheiro. Não tem nada a ver com o chamado mensalão.
Os empréstimos contraídos em nome de suas empresas é que explicariam a grande movimentação financeira em suas contas, em valores superiores aos de seus contratos publicitários. Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), as empresas de Valério contraíram R$ 20,9 milhões em empréstimos entre 2003 e 2005.
Valério também divulgou uma nota nesta sexta confirmando suas declarações. Segundo ele, "todos os pedidos de socorro financeiro feitos pelo senhor Delúbio Soares baseavam-se, de acordo com o próprio secretário do PT, na necessidade de saldar dívidas relacionadas a campanhas eleitorais".
Na véspera, o publicitário procurou o Ministério Público federal para dizer que está disposto a revelar o que sabe em troca do benefício legal da delação premiada. Esse instituto prevê redução de pena para pessoas envolvidas em crimes que colaboram com a Justiça. Mas o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza rejeitou a proposta. Nesta sexta, foi a vez de Delúbio prestar depoimento na Procuradoria-Geral da República. Ele teria confirmado a versão dada por Valério para os empréstimos do PT, nos quais o publicitário é avalista.
As informações são da agência O Globo.
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