| 01/12/2001 23h48min
O governo argentino anunciou neste sábado, dia 1º, a conversão em dólares de todos os depósitos bancários e uma forte restrição aos saques no sistema bancário. As duas medidas fazem parte do novo pacote econômico – o nono sob o governo de Fernando de la Rúa – definido durante o final de semana. Em declarações à imprensa local, o chefe de gabinete, Chrystian Colombo, afirmou que as medidas têm caráter transitório. O objetivo das novas medidas é frear a corrida bancária que se agravou no país na sexta‑feira, quando os saques teriam chegado a US$ 400 milhões. O novo limite de saques será de US$ 1 mil (igual valor em pesos) por mês e por correntista, com limite de US$ 250 semanais de cada conta. Quantias superiores poderão ser movimentadas com cartões de crédito ou cheques. A aduana argentina controlará para que ninguém deixe o país com mais de US$ 1 mil em cash.
O governo argentino optou pelas medidas porque, além da fuga de reservas, a taxa de risco‑país bateu mais um recorde ao fechar a sexta‑feira em 3.332 pontos básicos (33,32% acima dos juros dos títulos norte‑americanos).
As novas regras foram implementadas por meio de decreto de urgência do presidente Fernando de la Rúa. Segundo Colombo, a decisão de dolarizar os depósitos bancários é "uma garantia em dólares para quem tem dinheiro investido a prazo fixo". Na análise do governo, a população "foi amedrontada" com especulações de que o sistema bancário do país está frágil e que haveria a possibilidade de desvalorização do peso. Colombo negou que as novas medidas signifiquem a dolarização da economia argentina. Enfatizou, ainda, que será mantida a conversibilidade (um dólar igual a um peso) e que salários e impostos a serão pagos em pesos. As medidas, segundo Cavallo, ficarão em vigor durante 90 dias, até que o país recupere a confiança no sistema financeiro.
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