| 26/05/2005 00h16min
A tentativa do governo federal de barrar a criação da CPI para investigar o escândalo de corrupção nos Correios foi frustrada na noite desta quarta, 25. O governo tinha até a 0h desta quinta para tentar garantir a retirada de assinaturas de deputados e senadores do requerimento para instalar a comissão.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), chegou a afirmar que faltava a retirada de apenas nove assinaturas para conquistar a vitória do governo. Para instalar uma CPI, são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. Mesmo criada, o início dos trabalhos da comissão ainda depende da indicação de integrantes pelos partidos. Os líderes terão 30 dias para indicar 15 senadores e 15 deputados.
Primeiro passo para entrada em funcionamento da comissão, o requerimento foi lido por volta de 10h15min pelo 1º secretário do Congresso, Inocêncio Oliveira (PMDB-PE).
Diante das chances cada vez mais difíceis de vitória, o Planalto começou a trabalhar já na manhã desta quarta com o cenário de criação da CPI. Os parlamentares fiéis ao governo Luiz Inácio Lula da Silva tentarão controlar a investigação da CPI, assumindo a presidência da comissão e restringindo as apurações ao caso de corrupção nos Correios.
Quase às lágrimas, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) decidiu ocupar a tribuna do Senado na noite desta quarta, pouco antes do final da sessão, para provocar um estrago político no governo.
Suplicy decidiu anunciar que assinaria o pedido de abertura da CPI dos Correios, apesar da posição contrária do Palácio do Planalto e dos líderes governistas. Fundador do PT, primeiro senador do partido e ex-candidato a governador de São Paulo, Suplicy deixou claro que espera sofrer conseqüências políticas da parte do governo por conta do gesto.
– Sei que corro o risco de perder a indicação para disputar o Senado pelo PT. Mas acho que a abertura da CPI é a melhor coisa que pode acontecer para o Brasil e para o presidente Lula – afirmou.
Na tentativa de impedir a abertura da CPI escalada para investigar as suspeitas de corrupção nos Correios, o Palácio do Planalto abriu os cofres públicos. Na tarde desta quarta, em duas horas, mais do que dobrou o volume de recursos liberados para atender a emendas de parlamentares ao Orçamento da União. De acordo com dados do Sistema Integrado da Administração Financeira (Siaf), até as 16h, o governo autorizara despesas no valor de R$ 395,4 mil destinados a obras solicitadas por 12 parlamentares. Às 18h, a cifra tinha pulado para R$ 933,4 mil, e o número de congressistas beneficiados subira para 18.
Com informações de Zero Hora e da Rádio Gaúcha.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.