| hmin
O Brasil está no caminho certo para melhorar a distribuição de renda. A opinião é do diretor do Banco Mundial no Brasil (Bird), o indiano Vidon Thomas, que acompanha a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Nova Délhi. Segundo ele, os investimentos do governo em educação básica, a reforma da Previdência e uma maior eficiência nos gastos sociais podem ter impacto significativo na distribuição de renda do Brasil já nos próximos cinco anos.
Thomas disse neste domingo, dia 25, que o "consenso de Washington", pelo qual a adoção de algumas regras básicas levam ao crescimento econômico e à solução natural dos problemas sociais, provou estar errado. O melhor caminho, na opinião dele, é o atual "consenso de Brasília", com o governo mantendo a disciplina fiscal ao mesmo tempo em que promove ações sociais para a distribuição de renda.
O economista do Bird diz que os países pobres não têm como se desenvolver apostando apenas no crescimento econômico, como é o caso da Índia, que vem crescendo a uma taxa média de 6% ao ano na última década, mas tem mais de 250 milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema, sem ter o que comer.
É preciso, segundo ele, que os países também adotem ações que promovam a transferência de renda, como educação, micro-crédito e mais eficiência nos gastos sociais. Thomas considera razoável o Brasil investir 15% do Produto Interno Bruto (PIB) na área social.
– Isso não é pouco comparado a outros países em desenvolvimento – disse.
O problema, na opinião dele, é que 8% desse total vai para a Previdência, que não repassa os benefícios para as camadas mais baixas.
– Só uma parte pequena vai para os pobres – reforça.
O economista do Banco Mundial acredita que, ao repartir melhor os benefícios, a reforma da Previdência terá um impacto positivo na distribuição de rend brasileira. Segundo ele, a educação básica - estendida, na última década, para 97% da população - também tem contribuído para um aumento da renda da população.
– A distribuição de renda na América Latina não mudou nos últimos cem anos. Mas no Brasil houve uma pequena melhora como resultado dos esforços na educação básica entre 1994 e 1996 – explica Thomas, destacando também a melhoria de outros índices nos últimos dez anos, como a mortalidade infantil e expectativa de vida.
O especialista reconhece que o governo Fernando Henrique Cardoso impulsionou essas mudanças, mas não concorda com as críticas de que Lula está apenas copiando o modelo de política social do antecessor.
– A área social mostra uma continuação de algumas políticas. A ampliação do programa Bolsa Família é baseada na experiência do Bolsa Escola e de outros programas que deram resultado nos últimos dez anos. Mas o governo Lula, ao mesmo tempo em que mantém a disciplina fiscal, está dando uma urgência muito maior à parte social para melhorar distribuição de renda – diz.
A missão do novo ministro da Educação, Tarso Genro, na opinião do diretor do Banco Mundial, é melhorar a qualidade da educação básica e investir na educação secundária, onde há um déficit muito grande. Mas, segundo ele, o setor privado também precisa participar dos esforços.
– Na Coréia do Sul o aumento da educação secundária deu certo não por causa do governo, mas porque o setor privado participou financiando o ensino – completa.
Na opinião do executivo, o setor privado precisa agir como parceiro do governo porque os negócios só tem a ganhar com mão de obra mais qualificada.
As informações são da Agência Brasil.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.