| 15/09/2003 17h32min
O ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu cobrou nesta segunda, dia 15, uma redução dos juros bancários nas mesmas proporções da queda da taxa básica de juros. Ele criticou o fato do país ter um sistema financeiro que não financia investimento, mas vive da tesouraria. Dirceu afirmou ainda que o país deu ao sistema bancário tudo que eles quis, permitindo sua internacionalização, informatização, cobrança das tarifas. Agora, segundo ele, os bancos precisam financiar o Brasil.
Ele declarou que não o país não pode conviver com os juros de cartão de crédito entre 7,5% a 10% ao mês, juros ao consumidor de 7,5% ao mês, capital de giro de 40% a 60% com uma inflação, espera, entre 4 e 6% ao ano. Dirceu participou em São Paulo de conferência sobre desenvolvimento econômico e justiça social.
– É de interesse do sistema bancário voltar a ser o elo entre a produção e o consumo e não só ficar na posição de tesouraria. Todos têm que dar sua cota para que o país volte a crescer. O país está dando uma cota grande de sacrifício para superar a crise do ano passado. Agora é a hora do sistema bancário – disse Dirceu referindo-se à prática corrente dos bancos brasileiros de atuarem principalmente no mercado de títulos públicos.
Segundo o ministro, a redução da taxa básica de juros, a Selic, está levando o juro real para um patamar mais próximo de 8% ao ano. Dirceu disse ainda os juros devem atingir a taxa de 8% ao ano em "meados de 2004". Nestes nove meses de governo, segundo Dirceu, o governo controlou a inflação, enviou as reformas ao Congresso e deve aprová-las e também deve votar a nova Lei de Falência. Além disso, conseguiu aumentar o superávit da balança comercial e montou um Plano Plurianual classificado como "realista" por Dirceu e até o final do ano vai definir o papel das agências reguladoras.
Sobre reforma ministerial, Dirceu disse que é "razoável que sejam do PT" os ministros a abrirem espaço para a participação do PMDB no Executivo. O ministro admitiu que a reforma tributária ainda será objeto de muita negociação no Congresso. Segundo Dirceu, a questão da migração da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da origem para o destino pode gerar distorções, como nos casos da Bahia e de Goiás.
Segundo o ministro, a negociação da reforma tributária até agora já obrigou o governo federal a se comprometer com o repasse de R$ 14,5 bilhões para os Estados, mas que isso faz parte da "demanda política". Esse número seria resultado, principalmente, da soma do dinheiro a ser destinado pelo governo aos fundo de compensação das exportações e de desenvolvimento regional e ao repasse da Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
Nesta semana, a Câmara dos Deputados deve finalizar a votação dos destaques e emendas do primeiro turno da reforma tributária. O segundo turno deve acontecer apenas na próxima semana e só depois a reforma segue para o Senado, onde enfrentará mais dois turnos de discussão e votação.
Com informações da Agência Brasil e agência Reuters.
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