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Estados Unidos querem tropa multinacional no Iraque

Washington, entretanto, não quer abrir mão do controle militar na operação

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, apresentou nesta quinta, dia 21, uma proposta de resolução ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de incentivar o envio de tropas multinacionais ao Iraque. Ele afirmou, porém, que Washington não vai abrir mão do controle militar sobre a operação. Um dos objetivos da idéia é atrair soldados muçulmanos (do Paquistão ou do Oriente Médio) para o Iraque, assim como da Índia e de outros países que se recusam a enviar tropas sem autorização expressa da ONU.

Mas França e Rússia, entre outros, já deixaram claro que só aprovam a resolução se antes Estados Unidos e Grã-Bretanha abrirem mão de uma parte de seu controle político e militar sobre o Iraque. No entanto, apesar das exigências, franceses e russos disseram que estão abertos ao diálogo.

Powell esteve com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para discutir vários assuntos, mas o tema que dominou a reunião foi o atentado da última terça contra a sede da ONU em Bagdá, que matou 24 pessoas, inclusive o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão.

– Estamos em busca de um texto que incentive os países membros a fazerem mais – disse Powell, acrescentando que o embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, pretende discutir a proposta com os membros do Conselho.

Mas imediatamente a França disse que, para a resolução ser aprovada, é preciso que a ONU receba um papel mais importante no Iraque.

– Compartilhar o ônus e as responsabilidades em um mundo de nações iguais e soberanas significa também compartilhar informações e autoridade – disse o representante francês, Michel Duclos, numa sessão do Conselho.

O embaixador russo Sergei Lavrov concordou, e o alemão Wolfgang Trautwein pediu "um papel mais amplo para a ONU no campo político" e "uma maior cooperação militar". Esses três países se opuseram à invasão anglo-americana no Iraque.

Powell disse que 30 países, fora os Estados Unidos, já contribuíram com 22 mil soldados para a ação, e que outros podem se juntar à lista.

– Acho que qualquer um que faça uma contribuição militar quer que (seus soldados) estejam sob uma liderança sólida, responsável e competente, do tipo que está sendo dado pela coalizão – afirmou o secretário americano.

Annan, por sua vez, descartou o envio de uma tropa de paz, do tipo que normalmente usa capacetes azuis. Mas enfatizou que, apesar das diferenças que persistem dentro do Conselho, há uma disposição geral para que o Iraque se estabilize.

– Acho que a questão do Iraque é de grande preocupação para todos, independentemente das divisões que existiam antes da guerra – afirmou Annan, em referência ao fato de o Conselho ter rejeitado uma proposta de resolução que autorizava a invasão.

Durante a visita, Powell evitou mencionar o polêmico tema da segurança nas instalações da ONU em Bagdá. Autoridades norte-americanas no país disseram que a organização havia rejeitado uma oferta de proteção militar em sua sede, e em vez disso preferiu contratar seguranças privados. Mas o porta-voz de Annan, Fred Eckhard, desmentiu essa versão e disse que a ONU só se responsabilizava pela segurança dentro do prédio. Na quarta, Annan enfatizou que cabia aos Estados Unidos, na qualidade de potência ocupante, garantir a segurança.

Enquanto isso, continuam as manifestações de pesar nas sedes da ONU em Nova York e Genebra.

– A dor em nossas almas e quase insuportável – disse Annan em um vídeo enviado aos funcionários da entidade em Bagdá.

O porta-voz Eckhard tentou ler uma mensagem em homenagem à egípcia Nadia Younes, sua ex-colega, que era chefe de gabinete de Vieira de Mello e também morreu no atentado. Emocionado, ele não conseguiu cumprir a tarefa e pediu que sua assistente Marie Okabe o fizesse.

As informações são da agência Reuters.

 
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