| 15/07/2003 17h28min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir nesta terça, dia 15, durante encontro com empresários espanhóis, o fim das "distorções" do comércio internacional. Em seu primeiro dia de visita à Espanha, o presidente passou por incidentes cômicos ao lado de autoridades do país.
– O Brasil já se deu conta de que o discurso dos países ricos em favor do livre comércio peca por defender a abertura do mercado dos países pobres, sem a necessária contrapartida. Isso ocorre sobretudo nos setores tradicionalmente dependentes de proteção tarifária e subsídios. Temos instado nossos parceiros a assumirem compromissos no sentido de remover o arsenal de medidas que distorcem o comércio internacional e negam aos países em desenvolvimento o fruto de seu trabalho – disse Lula na sede da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais.
O presidente reiterou o apelo feito em Lisboa para que os empresários brasileiros deixem de ter medo de se tornarem empresários multinacionais. Em seu discurso, Lula voltou a falar da importância do Mercosul e dizer que a Espanha "joga um papel extraordinário" na relação da União Européia (UE) com o bloco sul-americano.
Prometendo fazer a economia brasileira voltar a crescer, o presidente afirmou que as reformas serão aprovadas ainda neste ano, sendo menos específico do que na véspera, quando disse em Londres que a reforma da Previdência será aprovada até outubro.
Antes de Lula, o presidente da Confederação Nacional da Indústria brasileira, deputado Armando Monteiro Neto (PMDB-PE), fez uma breve exposição sobre o comportamento recente da economia do Brasil e apresentou algumas previsões para o final do ano. Entre elas, ele estimou que a taxa básica de juros poderá estar em dezembro em 20% ou até mesmo 19% ao ano. Atualmente, a Selic está em 26%.
Mais cedo, Lula participou da cerimônia oficial de chegada, no palácio El Pardo, onde está hospedado. O prédio é um dos diversos palácios da família real e, inicialmente, era usado como residência de caça. Também foi onde o ditador espanhol Francisco Franco viveu e morreu. Há cerca de 20 anos é usado como hospedagens de chefes de Estado em visita oficial.
Acompanhado de sua mulher, Marisa Letícia, que vestia um tailleur branco, com blusa vermelha, Lula foi recebido pelo rei Juan Carlos e esposa, rainha Sofia, e pelo presidente de governo da Espanha, José Maria Aznar. Também de tailleur, a rainha preferiu um verde claro.
Após a execução dos hinos nacionais dos dois países tendo ao fundo uma salva de tiros de canhão, o presidente e seu anfitrião passaram em revista um grupo de cerca de 200 soldados da Guarda de Honra da Guarda Real. Depois, dirigiram-se a um palanque, onde assistiram a um pequeno desfile militar, liderado por um grupo montado em motocicletas Harley Davison. O grupo de infantaria que desfilou bradava "Viva Espanha. Viva!", quando passava em frente ao palanque.
A curiosidade ocorreu na apresentação de um grupo de cavalaria, com um dos cavaleiros perdendo o controle de sua montaria, que teimou em sair de uma ponta a outra da companhia, praticamente "trombando" com membros da comitiva brasileira, que estavam ao lado do palanque. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, brincou com os jornalistas dizendo que não ficou preocupado com os "cavalitos treinaditos".
Outro incidente ocorreu na chegada de Lula e Marisa para o almoço com o rei Juan Carlos, no terceiro compromisso do dia, segundo relato de fotógrafos presentes. Enquanto Lula cumprimentava o rei, depois de deixar o Rolls-Royce, o membro do protocolo fechava a porta do veículo, deixando Marisa lá dentro. Ao perceber a ausência da mulher do presidente, o próprio rei resolveu abrir a porta do carro.
Lula também teve audiências com o secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), José Luiz Rodriguez Zapatero, e com sindicalistas espanhóis. O presidente ainda se encontraria com representantes de organizações não-governamentais (ONGs) e receberia o prêmio Cipriano García, concedido anualmente pelo Partido Iniciativa per Catalunya Verds. À noite, Lula janta com o rei. As informações são da Agência Reuters.
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