| 27/06/2003 10h41min
O principal grupo rebelde da Libéria declarou cessar-fogo imediato nesta sexta, dia 27, para evitar uma catástrofe humanitária na capital Monróvia, onde centenas de pessoas foram mortas nesta semana. O grupo Liberianos Unidos pela Reconciliação e Democracia (Lurd) disse em um comunicado enviado à mídia que o cessar-fogo começou às 10h (7h em Brasília).
Pelo menos 300 pessoas morreram em uma ofensiva-relâmpago dos rebeldes nesta semana, que deixou também milhares de refugiados. Os Estados Unidos pediram a renúncia do presidente Charles Taylor, um ex-comandante de guerrilhas acostumado a lutar encurralado, mas que nunca enfrentou tanta pressão como agora, época em que os rebeldes controlam 60% do país e um tribunal internacional planeja julgá-lo por crimes de guerra.
Os rebeldes voltaram às ruas ensangüentadas de Monróvia durante a noite, após serem expulsos para a periferia na última quarta. Moradores disseram que houve bombardeios intensos na região do porto. Ao amanhecer, o ruído dos foguetes foi substituído pelo de armas leves, e fontes militares disseram que houve combates no bairro comercial de Claratown, perto do porto, antes do cessar-fogo.
Combatentes simpáticos a Taylor lotaram caminhonetes e percorreram as ruas semi-desertas da cidade, em direção a Oeste, onde está a linha de frente. Os saques cometidos por forças do governo parecem ter parado, depois que o governo prometeu reprimi-los.
Apesar dos apelos nesse sentido, os Estados Unidos disseram que não têm intenção de mandar tropas para pacificar a Libéria, país criado há mais de 150 anos para abrigar escravos norte-americanos libertos. Centenas e milhares de pessoas chegaram ao centro de Monróvia desde que os rebeldes começaram seu primeiro ataque, no começo de junho. Agências humanitárias tentam tratar os feridos e doentes e fornecer água e eletricidade aos refugiados internos.
A entidade Médicos Sem Fronteiras fez um apelo para que as partes em conflito permitam o trabalho das agências. Ela disse que na sexta-feira não conseguiu chegar ao estádio nacional, onde existe um surto de cólera entre as dezenas de milhares de refugiados ali instalados.
O ministro da Saúde, Peter Coleman, disse que cerca de 300 pessoas morreram e mil ficaram feridas nos últimos dias. Até 400 podem ter morrido nos combates ocorridos no começo de junho na capital, que ainda guarda as cicatrizes dos sangrentos combates da década passada.
O confronto entre Taylor e os rebeldes do Lurd é o clímax de uma guerra de três anos travada no interior. Essa luta é, entretanto, apenas mais um capítulo de uma saga violenta iniciada há 14 anos na Libéria.
Taylor promete resistir e diz que pretende cumprir seu mandato até o final, em janeiro. Acusado de espalhar o conflito para os países vizinhos, ele foi indiciado por crimes de guerra em Serra Leoa e por um tribunal internacional.
A Libéria está há dois anos sob sanção da ONU por ter ajudado os brutais rebeldes de Serra Leoa. Viagens oficiais e a exportação de diamantes estão proibidas. Antes disso, a exportação de armas para a Libéria já estava banida.
A guerra civil matou 200 mil pessoas na década de 1990, antes que Taylor surgisse como líder da facção dominante e vencesse as eleições de 1997.
As informações são da agência Reuters.
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