| 18/06/2003 18h25min
O deputado Ivan Valente (PT-SP) foi excluído nesta quarta, dia 18, da comissão especial da Câmara que está analisando a reforma da Previdência. O veto está sendo encarado pelos petistas da esquerda do partido, da qual Valente faz parte, como uma "rasteira" dos governistas.
– Acho que esta é uma pressão governamental, é uma pressão sobre a bancada do PT – disse o deputado horas depois da exclusão.
Ele disse que, apesar de ser um crítico ferrenho à proposta do governo, não sabe qual o motivo factual que levou a liderança da bancada a deixá-lo de fora das discussões. Valente foi substituído pelo deputado Maurício Rands (PT-PE), que foi relator da reforma na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e pertence à ala governista do PT.
– Manifestamos a nossa discordância. Além do veto por si ser reprovável, esta foi uma atitude pouco transparente, o método não foi explicado – disse o deputado Mauro Passos (PT-SC).
O único nome excluído da lista de deputados titulares da comissão foi o de Valente. A lista com os nomes dos parlamentares que permanecem na comissão foi divulgada pelo líder do PT na Camada, Nelson Pellegrino. Valente irá pedir reavaliação de sua saída na reunião da bancada na próxima terça, quando o grupo dos deputados radicais irá entrar com recurso na bancada contra a saída de Valente.
A preocupação dos deputados é que o veto a Valente crie um "costume" do governo de excluir das comissões deputados que não concordem com as diretrizes do Planalto.
– Isso trinca a bancada. É óbvio que tem diferenças aqui dentro, mas qual é a solução? Tirar todo mundo que pensa diferente? – questionou Passos.
A comissão que analisa a reforma previdenciária decidiu nesta quarta, dia 18, que irá convidar o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, seis governadores e três prefeitos para audiências públicas sobre o tema.
Os governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Paulo Soto (PFL-BA), Ronaldo Lessa (PSB-AL), Eduardo Braga (PPS-AM), Wellington Dias (PT-PI) e Germano Rigotto (PMDB-RS) terão a oportunidade de fazer explanações, assim como os prefeitos Fernando Pimentel (PT) de Belo Horizonte, Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB), de Vitória e Ângela Amim (PP), de Florianópolis (SC).
Também serão ouvidos representantes de entidades sindicais, como a Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais (Cnesf) e a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB). Até agora a comissão já recebeu sete emendas. A entrega do relatório final está prevista para o dia 11 de agosto, de acordo com o relator da reforma, deputado José Pimentel (PT-CE). Com informações da agência Reuters.
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