| 11/06/2003 14h40min
Petistas que compareceram à manifestação organizada pelos servidores públicos contra a reforma previdenciária em Brasília nesta quarta, dia 11, foram hostilizados. Já os radicais do partido foram aplaudidos.
O líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), foi vaiado e cuspido, enquanto a senadora Heloísa Helena (AL) foi carregada.
"Traidor", "Moleque de ACM", "Você vai usar Armani o resto da vida ou vai defender os nossos direitos?", foram algumas das agressões dirigidas a Pellegrino por parte dos manifestantes. Alguns chegaram a arremessar garrafas de plásticos contra o petista.
Depois de subir no carro de som, de onde defendeu as reformas do governo e chamou os servidores para um encontro nesta tarde, Pellegrino passou a maior parte do percurso em silêncio. Apesar de dizer que não se sentia abalado, o deputado baiano – que é pré-candidato à prefeitura de Salvador – demonstrava constrangimento.
– Esta é a primeira vez em 18 anos de atividade sindical que sou vaiado pelos servidores – disse. – Eu defendo o direito de manifestação – completou, ao admitir que o movimento só servirá para radicalizar o processo das reformas.
– O que eu penso, o que a bancada pensa não vai ser abalado por esta manifestação – disse.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que andava sozinho pelo protesto, também sofreu constrangimentos por parte dos servidores.
– Ele votou (pela reforma) e agora está aqui fazendo média. Cara de pau, sai daqui – gritou um manifestante.
Os parlamentares "radicais" João Batista, o Babá (PT-PA), João Fontes (PT-SE), Luciana Genro (PT-RS) e a senadora Heloisa Helena (PT-AL) foram bem-recebidos. A senadora foi ovacionada ao dizer que a reforma da Previdência atende apenas aos "gigolôs do FMI". Ela mereceu a faixa: "Tem homem com H e tem Mulher com dois: Heloisa Helena".
Organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e por entidades representativas dos servidores (auditores fiscais, funcionários do Legislativo e professores), a manifestação reunia no início da tarde cerca de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
A passeata teve início na Catedral de Brasília, percorreu a Esplanada dos Ministérios e chegou ao Congresso, onde um grupo de manifestantes deverá ser recebido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). No Palácio do Planalto, a comissão deve ser recebida pelos ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Previdência Social) e Luiz Dulci (Secretaria-geral da Presidência).
Um forte esquema garantia a segurança durante todo o percurso. A tropa de choque da Polícia Militar está a postos no estacionamento do Planalto para qualquer eventualidade.
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