Um jornal de língua árabe publicou neste sábado, dia 10  uma carta atribuída a Saddam Hussein clamando aos iraquianos que destruam os invasores liderados pelos Estados Unidos, responsáveis por sua deposição do governo do Iraque.

Segundo o Al-Quds al Arabi, na carta de seis páginas datada de 7 de maio e enviada na sexta por um fax da Jordânia para o jornal sediado em Londres, Saddam acusa os vizinhos do Iraque de ajudar na invasão e ameaça revelar segredos que "mudariam as convicções de muitos".

– Mas a verdade que tem de ser encarada agora é a resistência à ocupação, expelindo-a e destruindo-a – afirma a carta.

O jornal, que publicou carta similar no mês passado, estampou junto ao texto uma reprodução do fax. Cada uma das páginas da carta estava assinada por Saddam, segundo o jornal.

O paradeiro de Saddam e de seus dois filhos ainda é desconhecido, mas várias autoridades do alto escalão de seu governo foram presas pelos norte-americanos. Um aliado do ex-presidente iraquiano teria dito na semana passada que Saddam está a salvo no Iraque e se prepara para organizar a resistência às forças de ocupação.

Na carta escrita à mão – e que contém erros gramaticais, ortográficos e rasuras seguindo o al-Quds –, Saddam acusa a Arábia Saudita, o Kuwait, a Jordânia e o Irã de ficaram do lado norte-americano durante a guerra.

Afirma ainda que a Síria não permitiu que "membros da resistência" iraquiana ficassem no país nem mesmo por alguns dias.

Saddam acusou as forças lideradas pelos EUA de saquear os bancos e roubar as grandes fontes de petróleo do Iraque.

– Os invasores roubaram sua riqueza; as descobertas arqueológicas, seu petróleo. Roubaram mais dinheiro dos bancos – diz a carta, aparentemente referindo-se aos saques generalizados no país. – Seus bancos estavam cheios de dinheiro. Os invasores o roubaram e vão roubar o petróleo. Isso não é incomum, já que Bush e Blair são ladrões e assassinos.

Os Estados Unidos afirmaram que a família de Saddam pegou cerca de US$ 1 bilhão do Banco Central do Iraque antes da guerra.

– Apenas aqueles que resistirem à ocupação estarão pensando no Iraque. Unam-se e cooperem. Lembrem-se que todos vocês, árabes, curdos, turcomenos e todos os outros cidadãos são irmãos de religião e território – afirma.