| 17/04/2003 17h15min
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), divulgou nesta quinta, dia 17, nota oficial descartando a participação do partido no Executivo e na base de sustentação do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O movimento, que estava sendo articulado nos últimos dias, obteve o apoio dos cinco governadores do partido que se reuniram na noite de quarta, dia 16, com Temer.
A iniciativa teve seu primeiro passo na semana passada quando o dirigente peemedebista conseguiu prorrogar seu mandato no cargo de setembro para março do ano que vem. Com isto, fica frustrada a tentativa do presidente Lula e do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de levar a legenda para os aliados e garantir adesão incondicional ao governo no Congresso Nacional.
Na nota oficial, o PMDB garante que dará apoio às reformas constitucionais e à política econômica do governo do PT. Mas avisa que assumirá uma postura autônoma no Congresso.
A versão oficial é a preocupação do comando partidário em evitar a desintegração e garantir a união da legenda.
– Foi um grande passo para a reconstrução da identidade – disse Temer sobre a nota.
– A autonomia justifica-se porque o PMDB tem projeto de poder municipal, estadual e federal. Partido com a maior capilaridade nacional, com grande número de vereadores, vice-prefeitos, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais e senadores, além de cinco governadores, não pode abdicar desse objetivo, que justifica a sua existência como partido nacional,– diz o documento.
A disputa eleitoral para o comando das prefeituras no ano que vem, que já começa a ser articulada, teve um forte peso para que o partido desistisse de fechar um acordo com o Palácio do Planalto.
Apesar de o presidente Lula ter sinalizado uma parceria entre as duas legendas para as eleições municipais, o PMDB não obteve a garantia do PT de que não iria ser colocado como mero coadjuvante no processo eleitoral. Isto foi detectado principalmente a partir da declaração de Lula de que iria apoiar ostensivamente a reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT) em São Paulo.
O partido também está de olho nas eleições dos governadores e da Presidência da República que acontecem em 2006. Nos bastidores da política nacional, os governadores Roberto Requião, do Paraná, e Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, já começam a despontar como possíveis nomes peemedebistas para disputar a sucessão de Lula no Planalto.
O racha na bancada peemedebista da Câmara dos Deputados também influenciou na decisão. Grande parte dos 70 deputados da legenda queriam manter a independência no Legislativo.
Houve forte pressão do grupo de Temer – como os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Moreira Franco (RJ), além dos deputados Eliseu Padilha (RS) e Raul Jungman (PE), ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso.
A falta de uma proposta concreta por parte do PT para o PMDB participar da base aliada com cargos no Executivo Federal, em especial nos ministérios, e nas decisões de governo foi outro aspecto desta decisão. Temer não aceitava de maneira nenhuma que o partido ficasse restrito a participações em conselhos e lideranças no Congresso.
Para ele, esta decisão coloca uma pedra nas especulações sobre a participação do partido no Executivo, além de desautorizar acordos com o governo em nome do PMDB. Se houver acordo, explica a nota, trata-se de acerto "individual e não com o PMDB".
O recado tem como alvo bancadas estaduais do partido que vêm negociando diretamente com o ministro José Dirceu o apoio congressual em troca de cargos de segundo e terceiro escalões em suas regiões. Esta articulação paralela começou a ser colocada em prática depois que o articulador político do governo fracassou na tentativa de oficializar o apoio peemedebista do Planalto. As informações são da Rádio Gaúcha.
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