| 15/04/2003 12h59min
As primeiras tratativas sobre o futuro reservado ao Iraque foram costuradas nesta terça, dia 15, em um encontro que colocou à mesma mesa líderes políticos e religiosos iraquianos e autoridades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, acomodados sob uma enorme tenda branca na cidade de Ur, no sul do país. Marcada por atrasos, ceticismo e protestos anti-americanistas, a conferência serviu para acertar uma nova rodada de discussões, a ser realizada em 10 dias.
– Um Iraque livre e democrático se inicia a partir de hoje – declarou logo na abertura da conferência o ex-general norte-americano que estará à frente do processo de reconstrução do território iraquiano, Jay Garner.
Em Nasiriya, próximo de onde os líderes se reuniam, milhares de iraquianos realizaram uma manifestação para pedir a saída dos norte-americanos, cuja presença é desnecessária, na visão deles, depois da queda de Saddam Hussein.
– Não à América. Não a Saddam – gritavam os iraquianos xiitas.
Um canal de TV árabe afirmou que o protesto reuniu cerca de 20 mil pessoas.
Nas negociações iniciadas com atraso em Ur, o ceticismo foi dominante entre os grupos satisfeitos com a derrubada de Saddam, mas desconfortáveis com a aproximação dos EUA. O líder do Congresso Nacional Iraquiano, Ahmad Chalabi, temendo ser visto como uma marionete dos norte-americanos, escolheu não participar do encontro, para o qual enviou um representante. Atitude parecida adotou o principal grupo de xiitas exilados:
– Não podemos contribuir com um processo que acontece sob a supervisão de um general norte-americano – afirmou um porta-voz do Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque (SCIRI).
Politicamente, a chefia da Agência de Reconstrução e Ajuda Humanitária (ORHA) do Pentágono deverá recair mesmo sobre o ex-general Jay Garner. O posto, estima-se, passará a ser ocupado por iraquianos em um prazo que varia entre seis e 12 meses. O comando militar dos EUA, sob a chefia do general Tommy Franks, deve continuar no país por mais tempo.
A criação de um governo estável no Iraque, porém, é uma tarefa espinhosa. Os exilados querem participar do processo, assim como os que viveram durante anos sob o controle de Saddam. Líderes tribais, étnicos e religiosos, em particular os xiitas, possuem seus seguidores.
Será uma dura tarefa impedir que o país se fragmente em áreas curdas, xiitas e sunitas. A manutenção da unidade do Iraque é algo exigido pelos vizinhos do país, que temem a reação de suas próprias minorias.
As informações são da agência Reuters.
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