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 | 04/12/2008 00h42min

Inter faz gol na prorrogação e conquista título inédito

Nilmar marcou na decisão da Sul-Americana contra o Estudiantes, em um Beira-Rio lotado

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

E o Inter conseguiu. Faltando 123 dias para completar 100 anos de vida, ergueu a única taça que faltava entre as possíveis de serem conquistadas por um clube de futebol. Assim, desde ontem, o Inter é campeão de tudo. E a láurea veio com todos os ingredientes mágicos de um esporte emocionante: bravura, raça, aguerrimento, a torcida empurrando o time. Foi assim que o Inter tornou-se o primeiro brasileiro a ser campeão da Copa Sul-Americana.

Assista aos gols:

Mas não foi nada fácil subjugar o valente Estudiantes. Até incluí-lo na deliciosa lista de adversários batidos neste milênio, que já inclui São Paulo, Barcelona e Boca Juniors, só para ficar nos mais votados, houve sofrimento. Não é de se espantar, se nas próximas horas, surgirem notícias de cardíacos que não suportaram o que se viu no Beira-Rio lotado de ontem à noite. E todas as provações experimentadas pelo Inter até a glória final atendem por um motivo: o Estudiantes.

Os argentinos foram muito melhores do na derrota por 1 a 0 em La Plata. Nada de bola alçada na área como único recurso ofensivo. Ontem, o Estudiantes buscou o gol de Lauro pelo chão, com toque de bola e investidas pelos flancos. O lateral-direito Angeleri, mesmo sem muito recurso técnico, se fantasiou de ponteiro e foi ao fundo. O retorno do volante Braña, ausente em La Plata, deu mais consistência ao meio-campo argentino — e liberou Verón.

A boa e guerreira atuação do Estudiantes serviu apenas para engrandecer a conquista do Inter. Estava escrito: mesmo desfalcado do voluntarismo desmedido de Guiñazu e da soberania aérea de Índio, o Inter teria de ser campeão de tudo antes do seu centenário. Do ponto de vista defensivo, o Inter ergueu uma parede instransponível, deixando para Alex, D'Alessandro e Nilmar decidirem na frente.

Com estruturas táticas montadas dessa forma e coragem de sobra em todas as divididas para os dois lados, as chances de gol só poderiam mesmo ser raríssimas. O Estudiantes, embora rondasse Lauro, teve uma chance solitária: o gol mal anulado de Boselli, a 34 minutos do primeiro tempo. No instante do cruzamento, Boselli partiu de trás. O Inter teve duas chances. Andujar operou milagre ao defender chute de Andrezinho, a 42 minutos. Antes, novo erro do árbitro: a bola bate na mão do braço aberto de Cellay em cruzamento de Bolívar.

Até aí, tudo sob controle. Mas viria o segundo tempo — o terrível e tenebroso segundo tempo. Por algum motivo, o Inter parou. Passou a assistir a troca de passes adiantada dos argentinos. Quando se deu por conta, estava sitiado em seu próprio campo. As faltas próximas à área foram se sucedendo. Numa delas aconteceu o gol que paralisou o time do técnico Tite. Bolívar cometeu falta. Perez cobrou e Cellay apareceu na área sem ninguém sequer próximo dele para fazer 1 a 0, de pé direito.

Até o final apito afinal do uruguaio Larrionda, o Beira-Rio assistiu a um filme de terror. O Estudiantes cresceu e passou a merecer a vitória no tempo normal. Mais ainda quando, aos 34 minutos, Tite tomou uma decisão surpreendente e polêmica, para dizer o mínimo: trocou Alex por Taison. Com D'Alessandro e Nilmar abaixo da média e bem marcados, sem Alex o Inter perdeu o chute de média distância, o tiro mortal na falta próxima à área e a maturidade do melhor jogador do time em uma hora decisiva. Que não fazia uma atuação de luxo, é verdade, mas ainda assim era Alex.

A chegada da prorrogação, antes tão temida, virou alívio. Mas o filme de terror prosseguiu. Inspirado pelo gol, o Estudiantes erguia bolas para a área de Lauro mesmo em faltas no seu campo. Então, o mito Verón cansou e foi substituído. E o Estudiantes foi com ele para o banco. O Inter tomou fôlego e, mesmo sem organização, teve a chance de matar o jogo. Em um bate-rebate na área, Bolívar disparou um chute forte. O ótimo Andujar defendeu. Empurrado pelo grito da torcida e transpirando bravura, o Inter virou o estado anímico da final.

Então, a oito minutos da prorrogação, ironia suprema. A arma argentina matou os argentinos. Bola erguida na área, cabeceio, defesa do goleiro, ninguém vê mais nada, bola na trave e, de repente, surge Nilmar, o eleito. Gol. Inter campeão da Sul-Americana. Inter campeão de tudo.

Confira o álbum virtual do campeão:

 
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