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 | 25/01/2003 19h20min

Sebastião Salgado critica concentração de renda no Brasil e abandono na África

Fotógrafo mostrou seu trabalho e relatou fatos importantes da carreira

O testemunho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado na tarde deste sábado, dia 25, foi um dos mais disputados neste 3º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Durante uma hora, Salgado mostrou seu trabalho e falou um pouco de sua carreira. Um dos momentos em que a platéria mais se empolgou foi quando criticou a concentração de renda no país:

– Temos o país mais imoral do planeta, no que diz respeito à concentração de renda – afirmou.

Ao comentar o seu trabalho na África, o fotógrafo relatou que naquele continente a realidade é dura, as pessoas não têm direito a nada e pagam pelo direito de viver.

– Não acredito que um continente inteiro possa ter sido abandonado – exclamou.

Salgado, considerado um dos mais importantes fotógrafos documentais do mundo, expôs imagens feitas ao longo de 30 anos em lugares tão distantes quanto Bolívia, China ou Angola.

– Aviso que são imagens fortes –  disse Salgado antes de mostrar fotos da África, várias delas retratando crianças mutiladas ou desnutridas. Algumas pessoas deixaram a conferência chorando.

Sebastião Salgado falou também como economista especializado em questões agrícolas, sua formação original.

– Vi muitos candidatos, inclusive Lula, defendo o agribusiness durante a campanha, mas ele é economicamente incorreto. Essa prática concentra o capital, usa trabalho escravo e causa problemas ambientais – afirmou, antes de defender o modelo da agricultura familiar.

O fotógrafo também falou de um projeto que mantém para recuperar a Mata Atlântica na propriedade rural onde nasceu, no município de Aimorés, em Minas Gerais.

– Quando eu era criança, a região era setenta por cento coberta por florestas. Havia jacaré, macacos. O paraíso. Hoje tem 0,3% de floresta.

Para reverter isso, Salgado transformou o local, em 1999, com seu próprio dinheiro, em uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional, onde quer plantar 1,5 milhão de árvores. O trabalho é feito por 1,2 mil moradores da região, treinados em um centro de capacitação.

Ao lado da mulher, Lélia, o fotógrafo lembrou também momentos da carreira. Ele se exilou em Paris em 1969, fugindo do regime militar, e depois viveu na Grã-Bretanha, de onde fez viagens à África para escrever relatórios sobre a produção de café. Em 1973, decidiu transformar o hobby em profissão e se tornou repórter fotográfico free-lance. Passou pelas respeitadas agências Sygma e Gamma antes de chegar a Magnum, que considera  "uma grande escola". Desde 1994, trabalha por conta própria.

 
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