| 20/05/2008 05h48min
São Paulo - Aqui, quem não pôde ver o jogo pela TV não acredita, e pede que dê explicações, entre em detalhes, enfim, eles querem entender como num jogo de decisão preliminar (assim ele foi tratado na imprensa e continua nessa segunda-feira, agora já como uma apoteose palmeirense), querem saber como jogadores experientes podem ser expulsos por faltas desimportantes, mas de cartão, como?
Não tenho explicações nem acho que deva ter. Os erros de Edinho e Guiñazu, que demoliram com o time do Inter, pertencem ao gênero das afobações pessoais, estão ligadas ao DNA, e duvido que tenham correção. Uma alegação que ouvi é pueril: o Valdivia provoca o tempo todo, atrai o desentendimento, é preciso dar uma porrada nele.
Não faz sentido e nem tem padrão profissional. Provocar de algum modo todos provocam, talvez nem todos tenham a cara debochada do Valdivia. Mas, então, ninguém pode enfrentar o Palmeiras sem justiçar o Valdivia?
O que aconteceu com os
jogadores do Inter é matéria que Abel, o
psicólogo (tem, não tem?), o presidente Piffero e o vice Luigi, além dos companheiros de Edinho e Guiñazu precisam resolver, aí sim, se for preciso, na porrada. Mas do vestiário.
Bobagem se trata com reserva.
Aperto
Se faltou apenas e tão somente um centroavante trombador, espelhante, e com essa misteriosa, mas indispensável vocação do gol, então o time do Grêmio já começa a se justificar. O Globo é enfático: foi Bruno quem salvou o Flamengo. Ninguém que viu jogo percebeu menos do que isso. "Um goleiro de seleção!", berrou o Kleber Leite.
Tudo isso foi o time do Celso Roth quem fez com uma dominação de segundo tempo que os jornais daqui registram com respeito e letra grande. Uma afirmação que não pode se repetir no sábado contra o Náutico. Não porque seja o Náutico, que lidera o campeonato ao lado do Cruzeiro, mas porque ninguém pode perder tantos gols num jogo. Pode se repetir um goleiro encantado, pode a
bola rebater na trave e pode faltar o último toque. Mas
não uma segunda vez consecutiva. Dirão que já se trata de um defeito, de uma má-formação, e que assim não pode ser. Não é prudente botar em campo o Marcel, que mal chegou e não joga há muito tempo, mas, não sei, o aperto por gols pode ser grande.
Duas, apenas
O Grêmio está na sexta posição, joga a Sul-Americana, o Inter é o 11°, está na primeira da metade de baixo. Cruzeiro e Náutico são líderes, muita gente fez quatro pontos em dois jogos. E apenas o Ipatinga, que já fora rebaixado em Minas, não fez pontos e é um dos reluzentes candidatos ao rebaixamento. Mão são apenas duas rodadas também para o Ipatinga. A vitória do Palmeiras no jogo de dois candidatos ao título - é assim que se tratou a partida - é saudado como a primeira manifestação de um favorito. Foi também o que o Inter perdeu.
Confissões
As entrevistas, gênero jornalístico de grande uso e aceitação, continua oferecendo um
testemunho valioso. Outro dia foi Jardel quem se dispôs a falar tudo
com o repórter Régis Rösig. Sentaram a uma mesa em Fortaleza e a verdade difícil de aceitar foi exposta com grandeza. Agora, nesse fim de semana, o repórter Alexandre Oliveira, do Sportv, conseguiu um depoimento comovente de Denílson, refazendo sua vida de ostracismo até essa volta no mínimo auspiciosa, graças sobretudo ao Wanderley Luxemburgo que lhe ofereceu a oportunidade e tem sabido segurar as pontas. No domingo, ele foi um dos elementos desestabilizadores do Inter, jogando na direita para forçar um ingresso nas imediações de Marcão. Fez até gol.
A confissão, como gênero de ascensão, verdade e salvação dos indivíduos, não pode ser programada e dificilmente acontece fora de condições muito especiais. Mas ela deve ser valorizada. O público chega mais perto da realidade e nós também.
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