O Brasil está disposto a assumir o papel de mediador nas negociações de um acordo humanitário entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Basta, para isso, que a Colômbia peça tal ajuda, garantiu nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O chanceler lembrou que em outras ocasiões o governo brasileiro já ofereceu território para as conversações com as Farc.
— Quem é o melhor interlocutor? Tem que ser um interlocutor que o governo aceite, pois ele é um governo democraticamente eleito e é o governo que tem também o poder de permitir a negociação — disse Amorim.
O governo brasileiro propôs ontem ao
secretário-geral da Organização dos Estados Americanos
(OEA), José Miguel Insulza, a criação de uma comissão de investigação para apurar a ação militar da Colômbia em território equatoriano. A proposta será analisada nesta terça-feira, em uma reunião extraordinária da OEA .
De acordo com Amorim, o Brasil também defende que Insulza visite os dois países. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já conversou, por telefone, com os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do Equador, Rafael Correa.
O ministro elogiou as negociações conduzidas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao destacar que resultaram na libertação de seis reféns — entre eles os ex-parlamentares colombianos Gloria Polanco, Luis
Eladio Pérez e Orlando Beltrán Cuellar:
— Nossa
expectativa é que isso possa continuar e que a situação humanitária desses reféns seja resolvida.
Amorim destacou, no entanto, que a prioridade agora é encontrar uma solução para a crise diplomática entre Colômbia e Equador — resultado da ação armada colombiana contra guerrilheiros das Farc em território equatoriano.
— Temos um problema de emergência, agora, que é esse conflito. As outras questões terão que ser tratadas a seu tempo", argumentou Amorim.
Permanecem como reféns das Farc cerca de 40 políticos, policiais, militares e estrangeiros que a guerrilha pretende trocar por cerca de 500 rebeldes presos, entre eles a ex-candidata á presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt. Dados extra-oficias indicam que haveriam outros cerca de 700 seqüestrados.
AGÊNCIA BRASIL