| 16/02/2008 17h32min
A União Européia (UE) iniciou hoje sua missão civil no Kosovo, pela qual enviará cerca de dois mil soldados para contribuir para um futuro estável na província sérvia, que planeja declarar unilateralmente sua independência neste domingo.
Os europeus deram o último passo formal para o envio da missão em um procedimento escrito pelo qual foi aprovado o plano operacional da mesma, depois que nenhum país-membro apresentou objeções. O sinal verde definitivo para a missão foi dado um dia antes da esperada declaração unilateral de independência da província sérvia de maioria albanesa. A "Eulex Kosovo", que substituirá a missão da ONU na província sérvia após um período de transição de 120 dias, é a operação civil mais importante realizada até agora pela UE como parte da Política Européia de Segurança e Defesa.
Cerca de dois mil especialistas — entre policiais, juízes, promotores e agentes alfandegários — ficarão no Kosovo até junho, com o mandato para assessorar as
autoridades kosovares na
construção de um país "democrático, estável e multiétnico".
As primeiras equipes começarão a chegar ao Kosovo em uma ou duas semanas, e a UE preparará ainda um contingente adicional com 300 policiais e agentes alfandegários para serem posicionados em caso de necessidade.
O objetivo da missão é "assistir às instituições kosovares, autoridades judiciais e agências da ordem pública em seu caminho para a sustentabilidade e a responsabilidade, livres de interferências políticas".
Segundo a UE, a prioridade da missão é fazer frente às preocupações existentes sobre a proteção das minorias, a corrupção e o crime organizado.
A UE aprovou um orçamento de 205 milhões de euros para o primeiro ano e meio da operação. O bloco prevê a revisão desta quantia a cada seis meses. Para os países europeus — principalmente aqueles que não devem reconhecer, por enquanto, um Kosovo independente -, o envio de uma missão no território não implica o
reconhecimento de um Estado.
Por
enquanto, a UE adiou qualquer eventual resposta à possível independência do Kosovo até a realização do Conselho de Ministros de Assuntos Exteriores, na segunda-feira, em Bruxelas, segundo fontes diplomáticas. Paralelamente à missão policial e às gestões políticas, a UE deve manter sua assistência econômica ao Kosovo. O plano do ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, que intermediou de forma infrutífera entre sérvios e kosovares durante dois anos, prevê uma soberania tutelada para o Kosovo sob supervisão de uma missão da UE.
Apesar de o Kosovo parecer estar a poucas horas de proclamar a independência da Sérvia, hoje os líderes albano-kosovares
continuaram evitando divulgar a data oficial do ato. O primeiro-ministro do Kosovo, Hashem Thaçi, insinuou hoje que a declaração será feita no domingo. "Amanhã será um dia tranqüilo, de entendimento e da execução da vontade dos cidadãos do Kosovo", afirmou Thaçi em Pristina, após uma reunião com líderes religiosos.
Segundo o antecipado hoje
pelo jornal "Express", o Parlamento kosovar se reunirá amanhã à tarde em sessão extraordinária na qual votará a declaração de independência. Mas nem todos os albaneses do Kosovo estão satisfeitos com os
"passos históricos" que serão tomados amanhã. Para Albin Kurti, líder do grupo Vetevendosje (Autodeterminação), a independência "durará 30 minutos, durante a leitura da proclamação".
— No primeiro parágrafo pronunciarão a palavra independência, no segundo convidarão a missão da UE para nos dominar e no terceiro se comprometerão com o plano de Ahtisaari que divide o Kosovo segundo critérios étnicos — acrescentou.
O grupo de Kurti conta com grande apoio entre os jovens kosovares, apesar de o líder estar em prisão domiciliar desde que duas pessoas morreram no ano passado durante uma manifestação organizada pelo Vetevendosje.
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